segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ruído/mm fazendo barulho fora da província


por Claudio Szynkier

Faz algum tempo que a gravadora Trama, que possui o portal de bandas independentes Trama Virtual, tem olhado para Curitiba. Recentes entrevistas e citações na seleção “bandas da casa” e ainda nos podcasts tem acontecido com certa freqüência. A última e ótima surpresa foi à entrevista com a banda curitibana Ruído/mm que tem tocado direto na noite da nossa cidade, mas que muitas vezes passa despercebida pelo grande público. Parece que só quando alguém de fora diz que a coisa funciona que nós curitibocas começamos a dar valor. Repare nos comentários do repórter sobre a nossa cidade e sobre a banda.

Abandonando a condição de terceira-pessoa nesta matéria inicialmente não-crítica, pessoalmente eu digo que escuto discos todos os dias, de todos os lugares do mundo, e este aqui é um dos melhores que ouvi nos últimos dois meses. E o que pode ser dito além disso é que a estratégia de, por assim dizer, seqüestro do ouvinte que ele (eles, no caso, a banda) empreende vai muito além do rigor e da “qualidade” simplesmente. ruído/ mm é dessas bandas que parecem conseguir olhar para todo lado, a todo momento, como se estivessem constantemente em um campo aberto de lucidez, climas e imagens: uma praia, talvez.

O disco é divertido acima de tudo, por ser livre (antônimo tradicional de rigor). Passa leve, viaja por trilhas sempre convidativas. É um álbum de rock, de rock extremo e experimental, mas com sanfonas e cadências que lembram uma calma melancolia do cancioneiro regional do Sul. É noite e manhã geladas, às vezes na mesma faixa.

O ruído/ mm aparece em um momento fértil de novas bandas em Curitiba, que, pela entrevista, entendemos que se conhecem e andam meio juntas. Uma união que, ao contrário do que ocorre em outros solos nacionais, desconfia-se, se constrói mais a partir de afinidades, vontades e interesses musicais genuínos (embora, ou justamente por isso, a diversidade predomine); não tanto a partir de militância territorial, ou qualquer coisa dessa categoria. Música 80 por cento, política/ engajamento 20, diríamos assim.

A nova geração de Curitiba parece se definir no próprio disco do ruído/ mm: uma praia, insistindo na funcional figura, aberta de significados e andanças, lugar primordialmente de encontros e naturalmente propenso à criatividade. Mais sobre tudo isso aqui, na entrevista com a banda, representada por André Ramiro e Ricardo Pill.

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