terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Portal Quase Tudo - Entrevista com ruído/mm

O nome da banda é ruído/mm (ruído por milímetro). O som, indescritível. Uma teia de sonoridades exploradas à exaustão. Experimentais, viscerais, criativos. O grupo faz uma salada musical que vai do punk ao jazz – e o que mais couber no caldeirão milimetricamente montado à base de pedais, efeitos e distorções.
Grande banda formada por grandes caras − com quem já tive a oportunidade de fazer um som quando me dedicava às baquetas com afinco. Uma verdadeira família musical aberta à participação de quem está a fim de se expressar por meio da música.
A ruído/mm já lançou dois álbuns, *série cinza (2003), **Praia (2008) e participou da coletânea Dis#1 (2009) ao lado das bandas Constantina (MG), Labirinto (SP) e Fóssil (CE). Atualmente, o grupo prepara seu terceiro álbum, previsto para 2010.
Enquanto a banda produz o seu novo disco em Curitiba, Praia foi escolhido pelo blog Trabalho Sujo, de Alexandre Matias, como um dos mais importantes álbuns desta primeira década do século XXI. “É uma grande satisfação estarmos entre os melhores da década de 00 numa lista elaborada por alguém de tão bom gosto musical”, revelou a banda em seu blog. “Este tipo de coisa é o maior prêmio para uma banda que se preocupa única e exclusivamente em fazer música. É mil vezes melhor do que ter um clipe na MTV, uma foto na Folha de SP ou um comentário robótico em qualquer outro espaço cultural”.
Ansioso para saber como estão as atividades da família ruidosa, troquei e-mails com André Ramiro e Ricardo Pill, dois dos integrantes fixos da banda. A síntese da conversa virtual você confere a seguir.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Trama Virtual - Especiais de fim de ano: Preview 2010 (por Cláudio Szynkier)


Instrumentais e festeiros prometem retomar a “tocha” no Brasil

16/12/2009
Se 2009 foi um ano que teve explosão um tanto oculta, à margem, de algumas manifestações experimentais fora da curva (Acessórios Essenciais, Rump, Alpendre, Buon Giorno Luamada, Península Fernandes, SoulOne), vai ser marcado porém como o ano dos "maduros". Sobretudo como o ano da reafirmação de uma música de caráter altamente brasileiro (a nova-MPB, como alguns escolhem) e mais “adulto” (no mínimo pós-universidade). Os discos de Lucas Santtana, Romulo Fróes, Céu, Heitor e Banda Gentileza, Bruno Morais, Cidadão Instigado, Tiê, Móveis Coloniais e mesmo o nosso favorito Pullovers, para citar apenas alguns, escreveram a história do ano como protagonistas, de acordo com o que comprovaremos em nossa eleição - que será publicada ainda nesta semana - e em qualquer lugar que se ande por aí. Mas e o que reserva 2010? Nós sabemos que alguns discos já estão prontos (Mamma Cadela – leia aqui o Ouvimos Antes -, que aliás apadrinha e produz o de Juliana R, que anda junto com o pessoal do Cérebro Eletrônico, que também tem a ver com toda essa nova explosão de "brazilian pride" - todos os três meio que prontos).

Mas também há o dos dançantes Holger (em fase de imersão "afropit" – leia aqui preview), cheio de canções novas (algumas realmente muito boas, sem concessões pra quem quer a repetição do EP de estréia), e buscando um produtor que dê conta de sua liberdade sonora. Ainda na linha da cintura, estão Garotas Suecas - este em viagem cada vez mais próxima da "psicodelia em brasa", contam os shows -, Lucy and the Popsonics, os fashion-rockers do Copacabana Club, sem falar de CSS: todos devem disparar novidades em 2010 e devem deslocar um pouco o curso dessa tendência de música "para adultos", reequilibrando o passo, de novo, mais para as pistas. O Do Amor, que faz a ponte entre o elemento pista e o lance universitário/ neo-MPB próprio do “padrão” 2009, também tem disco praticamente pronto.

Voltando ao brazilian pride, entre aqueles com pé na MPB tão exitosa em 2009, Karina Buhr já deve ter trabalho pronto (leia aqui preview que fizemos com ela), de Curumin também deve se esperar algo, assim como os mais experimentadores e psicodélicos China, Nuda e Mombojó, recifenses cujos aguardados discos (eventualmente "intercontaminados" pelas mãos uns dos outros, no caso de China e Mombojó) neste momento encontram-se em processo progredido. Mombojó vem de um debute maduro mas ainda indefinido e de um segundo disco de definição que careceu de maior atenção geral, mas que hoje revela algumas pepitas que, mesmo sem a presença do flautista Rafael, morto em 2007, parecem ser o ponto zero das músicas novas, vastamente divulgadas ao vivo e no YouTube. Marcelo "Momo" Frota, entre os mais experimentadores em música brasileira, também tem intimismos novos a chocar com a seta geral mais coletivista da música nacional atual, e os dois discos de Nina Becker, voltando ao tradicionalismo nessa conversa, também devem ter ficado para 2010. Ficaram, certo?

Um filão que em 2010 deve reacender, já que em 2008 esteve em voga e houve recuo em 2009, é o da chamada "nova" música instrumental. Guizado, cada vez menos (estritamente) instrumental, cantando inclusive, prepara um trabalho novo após seu aclamado Punx, isso sem falar nos furiosos do post-rock nervosão do Elma (com os quais fizemos preview recentemente - leia) e do Labirinto, nos (re)colonizadores eslavos da vanguarda em Curitiba do ruído/mm, na Pata de Elefante, que também promete boas novidades e, claro, no Mamma Cadela, que possui o álbum mais atrasado entre todos esses (há poucos meses a banda definiu assinatura de contrato com o selo curve-music). Quem sabe, também o mais antecipadamente colocável entre os possíveis melhores do ano que vem. É batizado Mamma Cadela e a Geração Espontânea aliás.

Uma banda que guarda parentescos na mesma árvore genealógica do Mamma, mas não produz música instrumental, é o stella-viva, de Curitiba, que também tem disco praticamente pronto (leia preview). O quarteto (formado por integrantes que não moram em Curitiba) juntam rock de vanguarda americano com Clube da Esquina. Isso sem falar do Fire Friend, que também tem enveredado pelo post-rock em "registros-teste" em seu perfil na TramaVirtual.

Voltando um pouco aos instrumentais, Hurtmold e principalmente M. Takara, depois da aventura de escudeiros para Marcelo Camelo, também têm sugerido existência de material novo em apresentações (no caso do Takara) e especulações (no caso do Hurtmold, sobre o qual, concretamente, nada sabemos). O Burro Morto já tem Baptista Virou Máquina praticamente encaminhado, e vem inclusive produzindo e divulgando por meio do YouTube alguns teasers desse disco: http://www.youtube.com/watch?v=iA8eFg9VHIQ

No lado mais pop, Apanhador Só (leia preview), Mordida (de Curitiba) e Vanguart devem soltar discos em 2010. Supercordas (leia preview) também, com músicas que já estão na "atmosfera" underground brasileira desde 2007, através de dezenas de apresentações. Saindo do pop, mas ficando na chamada “psicodelia”, no rap, o inquieto Parteum está lapidando pedaço a pedaço seu novo e segundo álbum, de acordo com o próprio, "com começo, meio e fim", assim como ninguém se surpreenderá se Kamau, Nel Sentimentum (outro de Curitiba), Contra Fluxo e Mamelo Sound System também vierem com novas rimas e/ ou produções quentes, dando continuidade a suas obras no hip hop.

Mas e o que pode surgir de novo, de verdade? Bom, cheque aqui essa espécie de carta de tendências que preparamos ainda essa semana em forma de registro de revelações.

Drop Music - ruído/mm abre Prata da Casa em 2010


Para abrir a temporada 2010 do projeto Prata da Casa, o SESC Pompeia traz no dia 12 de janeiro (terça, às 21h), a banda curitibana Ruído/mm. Com dez anos de existência e curadoria atual do crítico musical e jornalista Marcus Preto, o projeto acontece às terças-feiras e abre espaço para novas bandas e artistas mostrarem seu trabalho.

O Ruído/mm ganhou esse nome com o intuito de deixar as possibilidades musicais da banda desamarradas, tão livres quanto possível. O conceito de "ruído por milímetro" – uma relação de medidas que não existe, veio, então, propor algo novo, que não deseja fazer parte de uma lógica.

Diretamente de Curitiba, os rapazes apresentam o som que ainda não tem definição. Pós-rock, art-rock, rock alternativo, tex-mex brazuca, experimental e jazz-rock, são alguns dos estilos presentes em seus trabalhos. Fazem parte da discografia da banda o EP "Série Cinza" (2004) e o álbum virtual intitulado "Índios Eletrônicos" (2005), discos que antecederam o primeiro CD, "Praia" (2008).

Lugar Certo - Você lembra como foi o show com o Guizado? (por Lielson Zeni)

Estava passando pelos blogs dos amigos e acabei encontrando um texto muito bacana escrito pelo mestre Lielson Zeni. Está no blog dele, Lugar Certo. Mais do que recomendamos. Vou postar aqui o texto, mas apareçam por lá também.

abs
Ramiro

EM BARES SÁBADO A NOITE




tem gente que sai pra "dançar com os amigos", gente que sai pra "pegar" (tradutor Globo: azarar), tem gente que sai porque sai.

Sábado, fomos a um bar com cara de bar de pleiba, com cerveja long neck a quase 5 paus e que parecia comportar gente que sai pra pegar, pra dançar com os amigos e que sai porque sai.

Mas, avaliemos os fatos, foi nada (viram? sem dupla negação...) disso que aconteceu.

Lá estávamos nós, lá estavam caras que eu não conheço mas já vi muito e lá estavam caras que conheço, mas não vejo muito.

Em pé, me balançando em vagalhões sonoros, me pergunto sempre e toda a vez que eu ouço o ruído/mm: como eles fazem isso?

a guitarra fantasmagórica de Johnny, o duelo ao pôr do sol de Ramiro, os movimentos tacometrizados de Pill, o ritmo nas baquetas e a satisfação na cara de Giva, as senóides sob controle do Rafael, os graves na mão do Rubens K e, ainda não conhecia, teclas rumurantes de Sergio.

e eu, sempre, espantado com a massa sonora e o crescendo nos ouvidos. não são caras que eu conheço só, não é só um show de rock, é uma experiência, um evento no sentido matemático da coisa.

eu queria escrever e causar uma letargia que sinto ouvindo esses caras.

depois do ruído/mm - que me parece sempre ser curto - a excelente Guizado.

apesar do nome bisonho, a banda é fodástica. Recomendado.

O trumpete parece dizer coisas importantes que eu quase consigo entender, aliado a um groove muito do bão. é grovento e meio jazzudo. também queria escrever um narrador que tivesse essa voz de trumpete, mas tem coisas que são do campo dos compassos.

sempre é bom lembrar que Lúcio Maia, guitarra da Nação Zumbi é integrante da banda. finíssimo!
depois subiu no palco o Cérebro Eletrônico, que não achei ruim, mas senti um pouco show da xuxa rock.

não sei se pela experiência que foi ruído/mm + Guizado, mas vi um pouco, pulei um pouco sorri um pouco e escrevi um pouco.

A noite estava meio que ganha, apesar da cerveja a 5 paus. pegamos a outra metade e meio que fomos embora.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

ruído/mm na Mojo Books!


Stravinsky Sky e outros ruídos medidos

[Vanessa Rodrigues interpreta ruído/mm]

[A Praia]

"Se lembra da música de antes, do seu pai preparando o leite da manhã, a janela da cozinha borrada do quente de dentro, o sol fraco com gosto de domingo, os desenhos da tevê, a mãe ainda dormindo, do prazer de estar protegido e sozinho na sala, do sofá enorme, do pijama de algodão com foguetes e das meias de lã. O frio confortável, o sono permitido. O sol se erguendo lento, os dedos gelados do suor frio da janela de inverno. A poesia inconsciente feita instantânea sumindo quando sumia o frio, apagado pela luz suave de fora. O que esperaria naquela época? O amor era o leite quente, a mãe enrolada nos cobertores, o pai voltando da banca com o jornal, as palavras cruzadas e o almanaque da Disney."

Este é apenas um trecho do texto escrito pela Vanessa Rodrigues, influenciada pelas sonoridades do grupo ruído/mm. Mojo Books é uma editora 100% digital e sua proposta é simples: se música fosse literatura, que história contaria?
O texto na íntegra estará disponível no site da Mojo Books dia 11/12/09, dia da festa de lançamento no Wonka bar, inclusive com show do ruído/mm.
Para entrar no site, basta clicar aqui.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Trabalho Sujo - Os 100 melhores discos dos anos 00 (por Alexandre Matias)

É uma grande satisfação estarmos entre os melhores da década de 00 numa lista elaborada por alguém de tão bom gosto musical. Este tipo de coisa é o maior prêmio para uma banda que se preocupa única e exclusivamente em fazer música. É mil vezes melhor do que ter um clip na MTV, uma foto na Folha de SP ou um comentário robótico em qualquer outro espaço cultural. Este tipo de situação aumenta a energia (e espero a sinergia interna) e motiva demais para a gravação da nova obra. Viva os bons ouvidos do mundo!
André Ramiro