segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mondo Bacana - ruído/mm – ao vivo (por Vivian Faria)


"Quinteto lota o Teatro do Paiol e, com poucas palavras, faz plateia viajar apenas na sua música instrumental

Há algo de hipnótico no som do ruído/mm. Quem esteve no show da banda no sábado 21 de julho que o diga. Por mais fascinante que seja ver o curitibano Teatro Paiol lotado – e por isso, entenda: “com pessoas sentadas até nas escadas” –, era difícil tirar os olhos de Alexandre Liblik, André Ramiro, Giovani Farina, Rafael Panke e Ricardo Pill. Como se, ao parar para observar os olhos vidrados, as bocas entreabertas e o balançar sutil de cabeças, você fosse perder algum pedaço essencial de alguma das composições.

Sabendo ou não desse efeito sobre o público, os músicos fizeram uma apresentação inteiramente focada nela: a música. Pouca conversa. Nada de exagerado ou performático, mesmo com pleno domínio sobre seus instrumentos. Até a iluminação parecia ser apenas o suficiente para o show não ser às escuras. O negócio ali era ouvir.

ruído/mm: hipnose coletiva
Foto por Chico de Deus
Começando com “O Prestidigitador”, o grupo tocou todas as músicas de seu último CD, Introdução à Cortina do Sótão (2011); alternando-as com “Novíssima” e “Sanfona”, do álbum anterior, A Praia; e “Pop”, do Série Cinza. A novidade – prometida pelo Facebook caso a página da banda chegasse aos mil likes – ficou por conta de “Requiem For a Western Manga”.

Cada uma das composições recebeu aplausos entusiasmados, mas o ponto (mais) alto foi “’Índios’”, da Legião Urbana. Ao vivo, a versão conhecida pelo público apenas por meio de um vídeo amplamente divulgado e comentado nas redes sociais, atendeu às expectativas e fez muita gente declarar, mesmo que aos cochichos, que a releitura é melhor do que a original.

O único incômodo durante a apresentação – mais para os músicos do que para os espectadores – foram, ironicamente, um ruído persistente numa das caixas de som e alguns problemas com o retorno. Se o sorriso de Liblik, tão ou mais persistente do que o tal ruído, regula, os músicos saíram do Paiol para aquela noite estranhamente quente do inverno curitibano tão satisfeitos quanto o público.

Set list: “O Prestidigitador”, “Zarabatana”, “Sanfona”, “Novíssima”, “Valsa dos Desertores”, “Pop”, “Ciclotimia”, “Esquimó”, “Requiem For a Western Manga”, “’Índios’”. Bis: “Petit Pavê”."

Aqui!

domingo, 29 de julho de 2012

Gazeta do Povo - Caderno G - Occupy Paiol (por Cristiano Castilho)


"Novas bandas e um público renovado dão frescor ao mais tradicional espaço da música em Curitiba

Um casal, jovem de tudo, balança as pernas freneticamente para acompanhar o ritmo de um rock animado. Com as mãos, ele simula tocar bateria, enquanto ela dá uma olhadela ao redor e finalmente se dá conta: está em polvorosa em um antigo paiol de pólvora. E talvez tenha sido a sua primeira vez ali.

A cena ocorreu no dia 7 de julho, durante o show da banda gaúcha Apanhador Só no Teatro do Paiol, em Curitiba. Mais do que um pequeno momento de catarse, o ocorrido resume de forma simbólica os últimos meses do mítico espaço musical da cidade: há tanto uma renovação de público quanto de atrações – que vão do folk ao pós-rock.

Novas e boas bandas como Rosie and Me, A Banda Mais Bonita da Cidade, Apanhador Só e artistas cultuados por um público específico, como Pélico e Lirinha, pisaram recentemente no palco em que Vinicius de Moraes derramou seu uísque escocês em 1971, para batizar o espaço a seu jeito e criar a magia que vigora desde então. O episódio mais recente – e incrível – foi o show que a banda curitibana ruído/mm fez em um Paiol lotado no último dia 21: o Poetinha ficaria maluco com tanto barulho. 


Fernando Camargo/ Divulgação / ruído/mm: pedaleiras e guitarras barulhentas no chão batizado por Vinicius de Moraes
ruído/mm: pedaleiras e guitarras barulhentas no chão batizado por Vinicius de Moraes
Foto por Fernando Camargo

Para Bina Zanette, da San­ta Produção, há três motivos principais para esse novo momento do Paiol. “O primeiro é que o tamanho do teatro [220 lugares] é adequado para esse tipo de show. Depois, ele oferece um baixo custo de locação, nunca passa de R$ 400, com sistema de luz e som inclusos. O mais importante é a história que ele tem com a música em Curitiba.” Ao lado de Heitor Humberto, da Fineza Comunicação & Cultura, Bina produziu os shows de Rosie and Me, Apanhador Só e ruído/mm neste ano – mais atrações estão programadas até o final de 2012 (veja no quadro ao lado).

Já Beth Moura, da Verdura Produções Culturais, pensou em um projeto para celebrar os 40 anos do teatro e saiu-se com o Radar – A Nova Música Brasileira nos 40 Anos do Teatro do Paiol, que traz mensalmente para Curitiba artistas da chamada “música contemporânea brasileira”. “Mesmo não havendo um retorno excelente de público, vemos que está dando certo. A cada apresentação há mais curiosos e comentários de quem esteve lá. E a ideia é essa, atingir a nova geração”, diz Beth. Colaborativo, o projeto Radar estreou em maio, com o show de Anelis Assumpção, e segue até dezembro.

Marcelo Camelo?

Encravado entre o Prado Velho, o Água Verde e o Re­bouças, demonstrando-se rústico com sua fachada sem pintura e funcional devido à sua acústica natural, o Paiol encanta, principalmente quem vai lá pela primeira vez. No show do ruído/mm, um dos presentes era Alex Werner, amigo íntimo e produtor de shows da banda Los Hermanos – e agora de Marcelo Camelo. “Achei incrível. Lugares antigos geralmente têm problemas estruturais, mas, naquela noite, tudo funcionou muito bem. Do início do show no horário marcado à qualidade do som. Fiquei imaginando um show do Marcelo Camelo naquele palco”, disse o tímido Werner, por e-mail.

Bons tempos

Desde sua inauguração como espaço artístico, o Teatro do Paiol passou por bons e maus bocados. “De nada adianta investir mais de Cr$ 200 mil na reforma do Teatro do Paiol sem oferecer bons espetáculos ao público”, escreveu o jornalista Aramis Millarch em 1978, no jornal O Estado do Paraná. Já em 1981, o mesmo jornalista lastimava o pouco número de pessoas presentes no show do Quarteto em Cy, que comemorava os 10 anos do espaço.

Nos anos seguintes, a MPB feita em Curitiba, notadamente no Conservatório, teve o Paiol como espaço fixo. Blindagem e Grupo Fato eram, talvez, o contraponto da programação, que foi se tornando eclética ao longo do tempo.

Para Beto Lanza, superintendente da Fundação Cultural de Curitiba, tocar no Paiol é sinal de prestígio e qualidade. “Isso tem a ver com a excelência da música desses grupos. A nova cena curitibana ocupando o espaço reflete o bom momento da música na cidade”, diz Lanza, que espanta qualquer sinal de preferência por este ou aquele gênero.

“Não há uma indução a determinado segmento. Nosso propósito é gerar massa crítica, não determinar gênero. O Paiol é eclético.”

Como resultado secundário da “ocupação” recente do Paiol, a cidade, em uma escala maior, também sai ganhando. Hoje há um estacionamento dedicado aos frequentadores do espaço e a movimentação de pessoas por ali “ilumina” aquela região próxima da Vila das Torres – onde o tráfico de drogas e a criminalidade são grandes. “O aparato cultural qualifica o espaço urbano”, concorda Lanza."

Versão online aqui.

sábado, 28 de julho de 2012

Gazeta do Povo - Caderno G - O ruído que somos (por Cristiano Castilho)


"Houve festa barulhenta no Teatro do Paiol. Embora pitadas de silêncio, bem dosadinhas, tenham afagado os ouvidos de quem já estava acostumado àquele caos genuíno, ao som flamejante de algo que está prestes a explodir, como se fôssemos, todos nós, os 200 marujos, grandes faíscas em um paiol de pólvora em seus tempos antigos e servis. Tzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.

Nem o ruído incidental, abafado criativamente por um pedal de delay, fez com que o show do grupo ruído/mm, no último sábado (21), fosse menor. O quinteto de Pill e André Ramiro (guitarra), Alexandre Liblik (piano e teclados), Giovani Farina (bateria) e Rafael Panke (baixo) é a melhor banda de Curitiba porque seu som somos nós, a própria fúria em forma de “Petit-Pavê” quebradiço. Mas só o somos porque antes do estrondo há um silêncio quase racional, corajosamente tímido, necessário, que se torna incrivelmente mais poderoso do que a própria entropia proporcionada logo adiante, na sequência da música. É o que fazemos quando não saímos de casa com medo do frio meses antes de nos perder no pré-carnaval do Largo.

Há também, no som, em nós, um assovio fantasmagórico que fala sobre sombras do passado: o resumo da história é um andar acabrunhado três por quatro chamado “Valsa dos Desertores”. Somos isso, desistentes embalados ao piano, nos camuflando entre acordes maiores e menores, brincando de andar na rua XV pela manhã, de gorrinho e luva, mas sorrindo de canto de boca ao ver a fumaça marota de um cafezinho dizendo: “vem”. Curitiba é esquizofrênica. Ou talvez bipolar.

Porque na mesma música, a partir dos 2 minutos e 30 segundos, há um salto rumo à redenção, à esperança, enfim, embora seja impossível esquecer-se do que veio antes: é que faz sol numa manhã fria de domingo depois da chuvarada de uma semana inteira.

Somos todos os ruídos: um baterista em seu estado pleno, cheio de um olhar quase torpe; um baixista que bate o pé direito com afinco (e isso é mais um exercício que busca segurança do que mera marcação de tempo); um guitarrista que olha para o próprio pé (não é sinal de desrespeito, é estilo definido e imutável); um outro que segura a palheta da guitarra na boca e anda para lá e para cá, como se procurasse o reflexo instantâneo de sua agressiva relação com o instrumento; e finalmente a classe de um pianista, que usa seus longos dedos para criar tanto melodias tristes quanto trêmolos engraçados (sabemos rir de nós mesmos). Tudo, descobrimos depois, para emprestar a estranha sensação de sentido a uma existência tímida, mas outrora invejada – ou simplesmente para salvar todo aquele barulho de seu autoconsumo, como se lhe mostrasse um saudável limite.

O que somos? Prestidigitadores. Magos do condado, ilusionistas com poderes que encaram a vida na cidade grande/pequena como 1) exercício de salvação; 2) ingrediente principal para o insucesso certo.

Somos nada mais que “Índios”, eletrônicos que seja. Buscando o essencial, o mínimo nesses tempos tão distantes e exagerados. “Uh, ah!”. “Uh, ah!”. Os gritos assustadores surgiram no palco e na plateia. Como uma boa “capital mais fria do país”, eles, os gritos guturais, e um coro que lembra tanto igreja medieval quanto um baile no fim do mundo, são os únicos momentos em que a voz ganha uma função legitimamente musical. Mais é menos.

Porque muito aconteceu naquele Paiol lotado, além do ruído. E as palavras são importantes demais para serem desperdiçadas assim, à toa. O silêncio, prova o ruído, é valioso e também muito, muito nosso."

Publicado aqui. Valeu, Cris!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

TV e-Paraná - Entrevista com ruído/mm no Teatro Paiol


"Programa e-Cultura exibido no dia 26/07/2012, na TV e-Paraná. Bloco 1."

Confira o vídeo online aqui!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

No Ar Coquetel Molotov anuncia primeiras atrações de sua 9ª edição















A assessoria do Coquetel Molotov trabalhou direitinho, e agora você também já está sabendo: ruído/mm confirmado no festival Coquetel Molotov No Ar 2012!! Irraaaah!!

G1
MTV
O Grito
Rolling Stone
Move That Jukebox
Tenho mais discos que amigos

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Gazeta do Povo - Caderno G - As transições do ruído/mm (por Rafael Rodrigues Costa)


"Grupo curitibano de pós-rock apresenta as músicas do último álbum, lançado em 2011, além de temas pouco tocados e uma nova composição

A banda curitibana de pós-rock ruído/mm se apresenta neste sábado, às 21 horas, no Teatro do Paiol (veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo). O show se baseia no repertório do elogiado último álbum do quinteto, Introdução à Cortina do Sótão, lançado em setembro do ano passado.

O repertório também terá músicas menos tocadas nos shows do grupo, além de uma versão instrumental de 'Índios', do Legião Urbana, e de uma nova composição – de acordo com o guitarrista Pill, um tema que 'aprofunda uma linha' já existente no trabalho do grupo.

'Mas prefiro deixar no ar, para não entregar', disse, em conversa por telefone com a Gazeta do Povo. 'O show já começa a ter uma cara nova, loops diferentes, novidades. Reduzimos músicas que vínhamos tocando demais. Não só por ser em Curitiba, onde tocamos com mais frequência, mas para a gente se ‘pilhar’.'

Pill diz que o grupo, satisfeito com o resultado do terceiro disco, já parte para novas ideias, ainda sem um conceito definido. 'É difícil controlar a composição', diz.

De acordo com o músico, Introdução à Cortina do Sótão consolidou uma reestruturação da banda, que já foi um septeto, e hoje conta com Pill, André Ramiro (guitarra), Alexandre Liblik (piano e teclados), Giovani Farina (bateria) e Rafael Panke (baixo). 'Até todo mundo se sintonizar, o tempo foi longo. Voltamos a ser uma banda com o lançamento desse disco. Com unidade, sinergia, pensamentos em comum', conta Pill, para quem um dos bons resultados do último disco foi a recepção mais ampla que a do disco anterior, A Praia, de 2008. 'Estamos bem contentes com o que o disco gerou. Mas já faz quase um ano e estamos pensando em coisa nova. Bola pra frente.'"

Publicado aqui.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Portal Bem Paraná - O som da banda curitibana ruído/mm invade o Paiol


"A banda curitibana ruído/mm (ruído por milímetro) leva ao palco do Teatro do Paiol, às 21h deste sábado (21), um trabalho sonoro que amadureceu ao longo dos anos, desde a estreia do grupo com o EP “Série Cinza”, em 2003. Formada pelos instrumentistas André Ramiro (guitarra), Giovani Farina (bateria), Rafael Panke (baixo), Ricardo Pill (guitarra) e Alexandre Liblik (piano, teclado e escaleta), a banda tem realizado apresentações em cidades do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, colecionando elogios da crítica especializada.

No repertório do espetáculo estão composições que integram o álbum “Introdução à Cortina do Sótão”, lançado em 2011, na sequência do disco “A Praia”, sucesso de 2008. O novo trabalho encerra um ciclo de mudanças e registra os caminhos por outros ritmos percorridos pela banda. O post-rock e as distorções sonoras que caracterizam a banda continuam em alta, mas em um cenário simplificado e bem resolvido.

O álbum une novas composições ao material que já fazia parte do repertório ao vivo do ruído/mm, e que não entrou no disco anterior. A gravação e a produção são totalmente curitibanas, sendo que a arte da capa do disco é criação da fotógrafa Mariana Zarpellon e do designer Jaime Silveira. A distribuição virtual é feita pelo selo Sinewave (http://www.sinewave.com.br), com download liberado junto com toda a discografia da banda.

Nas palavras de Rodrigo Maceira, responsável pelo blog da MTV, 'o ruído/mm é um clássico recente do nosso rock instrumental. Espacial refinado, camadas de ruídos, de outros sopros suaves; andamentos refinados, alguma coisa de jazz, outra de câmara; melodias bonitas, folia de instrumentos e senso de conjunto bem raro'."

Leia aqui.

Revista Zap! - Teatro Paiol em noite de pós-rock instrumental



"Quinteto curitibano ruído/mm promete apresentar novas músicas, além de uma inusitada cover da Legião Urbana

No próximo fim de semana, o Teatro do Paiol vai ser testemunha de uma hipnose coletiva. Isso porque a banda curitibana ruído/mm (lê-se ruído por milímetro) vai armar suas paredes sonoras repletas de camadas e texturas no tradicional palco de Curitiba. O quinteto se apresenta a partir das 21h de sábado, dia 21. A produção é da Santa! Produção e Fineza Comunicação & Cultura.

Responsáveis por um som instrumental que divide-se entre o pós-rock de guitarras distorcidas e referências sonoras que chegam a lembrar os filmes spaghetti westerns, a banda promete desvendar algumas surpresas que estarão em seu novo disco. O repertório ainda contará com faixas de seus três lançamentos anteriores – Série Cinza (2004), A Praia (2008) e Introdução à Cortina do Sótão (2011).

Recentemente, o quinteto formado por Giovani “Giva” Farina (bateria), Alexandre Liblik (piano), Rafael Panke (baixo), Ricardo “Pill” Oliveira (guitarra) e André Ramiro (guitarra) surpreendeu muita gente ao divulgar um vídeo com uma inusitada versão de “Índios”, hit lançado em 1986 pela Legião Urbana. O resultado dessa estranha combinação também poderá ser visto na apresentação da banda no Paiol.

ruído/mm

Fazendo suas primeiras experimentações instrumentais no EP “Série Cinza”, de 2004, foi com o trabalho seguinte que a banda curitibana alcançou prestígio nacional. Com “A Praia”, lançado em 2008, o grupo apareceu em diversas listas de melhores lançamentos nacionais, além de ser citado até por publicações musicais internacionais.

No ano passado, o ruído/mm apresentou “Introdução à Cortina do Sótão”, disco que tem a forte presença do piano e revela uma sonoridade mais ensolarada do que os trabalhos anteriores. O material foi eleito o melhor lançamento curitibano de 2011, em votação organizada pelo blog especializado Defenestrando. No mesmo prêmio, a banda foi escolhida como responsável pelo melhor show do ano na cidade."

Aqui.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Defenestrando - Julho do barulho (por Felipe Gollnick)


"Há meses sem fazer shows em Curitiba (o último foi em dezembro de 2011, no próprio Sinewave Festival), o ruído/mm se apresenta sábado no incrível Teatro Paiol. O grupo chega respaldado pela boa repercussão em torno do ótimo cover da música Índios, do Legião Urbana. Sem cerveja, sem conversas paralelas, sem ter que ficar em pé e com a música ganhando a atenção principal, são grandes as chances de que a banda transforme o Paiol em disco voador por alguns instantes. Venha aqui e confirme presença no Facebook.

(...)

P.S: Pensei muito a respeito dessa regravação de Índios pelo ruído/mm e cheguei a alguma conclusão. Talvez eu caia na insistência de falar novamente bem da banda (não faltam comentários elogiosos aos caras aqui no blog) e até em uma afirmação pretensiosa demais, mas penso o seguinte: a nova versão fez com que a música de Renato Russo finalmente fizesse sentido para quem é da atual geração vinte-e-poucos-anos.

Não que as letras e as ideias passadas pelo Legião Urbana não sejam profundas e nem façam sentido, mas ao passar dos anos as mensagens e a musicalidade (esta principalmente) ficaram ultra-datadas e não têm nem de longe o mesmo impacto que tinham nos anos 80 e 90. Neste início de década de 2010, o ruído/mm tira as letras da música, aumenta o drama e quase nos faz entender o que Renato Russo tinha a dizer. Por essas e outras que volto a afirmar que o ruído/mm é uma das melhores bandas em atividade no país, mas tanto essa questão quanto a do Legião Urbana ficam para um outro post.

Mas também é o seguinte: daqui a uns dez anos provavelmente a versão do ruído/mm estará ainda mais datada do que a música original. Talvez.

P.S 2: Legal demais essa espécie de ocupação rolando no Paiol. De uns meses pra cá, o histórico espaço cultural curitibano recebeu shows de Apanhador Só, Felixbravo, Rosie and Me, A Banda Mais Bonita da Cidade & China, Pélico e Anelis Assumpção, e ainda vem mais coisas bacanas por aí. Legal demais ver "os jovens" indo também ao Paiol."

Leia na íntegra aqui.

domingo, 15 de julho de 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Floga-se - Os discos da vida: ruído/mm (por Fernando Augusto Lopes)



"Lê-se, claro, 'ruído por milímetro'. É ruído, mas é milimetricamente colocado, ou milimetricamente pensado.

Os curitibanos da ruido/mm lançaram em 2011 o brilhante “Introdução À Cortina Do Sótão”, disco eleito um dos melhores do ano pela turma do Floga-se, e que explica melhor do que ninguém o que o nome da banda expressa. Denso e pensado, curtido e orquestrado, o disco se tornou uma preciosidade na música nacional.

Antes, a banda já havia lançado o EP 'Série Cinza', em 2004; e 'A Praia', em 2008. Busque os três.

Inventividade. Uma boa amostra, além dos registros oficiais, está na versão de “Índios”, da Legião Urbana, pra Popload Session, recentemente (em julho de 2012). Complexidade, desconstrução. O ruido/mm mostrou como se faz uma cover, a partir dos seus gestos, atos e história.

História que se compreende um tanto aqui, nessa edição de 'Os Discos da Vida'. O quinteto dá amostras do que moldou musicalmente cada um dos integrantes, em discos que ajudaram a moldar o som da própria banda. Aqui está o ruido/mm dissecado, nota a nota, milímetro a milímetro.


ANDRÉ RAMIRO (guitarra)

Calexico – “Aerocalexico” (2001) / “Black Light” (1998)
Calexico lembra deserto, que lembra estrada, que lembra narrativas beats, que lembra a loucura do dia a dia e que libera o pensamento para paisagens longínquas. E definir uma ordem é difícil, porque aqui entrariam Giant Sand, Friends of Dean Martinez e tantos outros discos da vida.

Silver Jews – “Natural Bridge” (1996)
David Berman, Heron Banach, Ricardo Oliveira, Felipe Luiz, Vinicius Grazia, Fabiano Gordines etc. etc. etc. Silver Jews colocou todo esse povo em um mesmo navio, com destino ainda desconhecido.

John Coltrane – “Olé Coltrane” (1962)
Aqui descobri que jazz é rock e rock é espelho da magia do jazz ao mesmo tempo que o jazz é uma lâmina de rock que no fundo é tudo a mesma coisa contada em diferentes línguas.

Dinosaur Jr. – “You’re Living All Over Me” (1987)
Disco de cabeceira, junto com tantos do Sonic Youth, Pavement, Yo La Tengo, Radiohead etc. Difícil deixar passar uma banda que possua tamanha influência guitarrística, já que a adolescência era dominada pelos solos de Tony Iommi, Dave Murray, Adrian Smith, John Christ e assim vai. Mascis é alta montanha.

Godspeed You! Black Emperor – “Lift Your Skinny Fists Like Antennas To Heaven” (2000)
Este disco dominou meus ouvidos por um bom tempo (e ainda domina). Ouvi-lo durante uma viagem de trem, entre Londres e Paris, talvez tenha sido um dos pontos mágicos da trip.


ALEXANDRE LIBLIK (piano, teclado e escaleta)

Radiohead – “Ok Computer” (1997)
Este é óbvio, mas foi o disco que mais me estimulou a trabalhar com música. Aprendi aqui que é possível falar em arte e música “pop”.

The Beatles – “1962-1966″ / “1967-1970″ (1973)
Estas coletâneas foram a base da minha audição de criança. Aprendi a ouvir música cantando Beatles. Pra uns, tinha o Balão Mágico. Para mim, eram os Beatles.

Grandaddy – “The Sophtware Slump” (2000)
Poucos são os discos mais atuais que mexem comigo. Este do Grandaddy, rodou muito no meu toca-discos. Aliás, gosto demais de todos os discos deles.

Glenn Gould – “The Goldberg Variations” (1955)
Para quem acha que música clássica é chato, deveria ouvir o pianista mais rock and roll de todos. Ouvir Gould é um problema, pois leva a um desânimo sobre a capacidade real de se tocar qualquer coisa ao se comparar com o louco.

Celibidache – “Münchner Philharmoniker – Schumann: Symphony No. 2″ (1993)
O maior regente do século tem versões memoráveis de diversas peças; suas sinfonias de Brahms por exemplo, são inigualáveis. No caso, esta sinfonia de Schumann é pouco lembrada e tida como obra menor pelos críticos em geral. Após ouvir a versão de “Celi”, fui invadido pela sensação do sublime.

RICARDO PILL (guitarra)

Miles Davis – “Sketches Of Spain” (1960)
Miles e Gil Evans trabalhando juntos, ambos no auge, em um conceito cool etéreo da música hispânica.

Van Morrison – “Astral Weeks” (1968) / “Moondance” (1970)
Fenomenologia em puro estado. Vibrante e triste. Misterioso, cultuado e indecifrável até certo ponto.

Pixies – “Doolitle” (1989)
Faço parte da legião doente por Pixies. Uma anomalia maravilhosa dentro do rock, desde a música até o jeito que as pessoas eram e se vestiam. Letras raras em composições extremamente pop.

Silver Jews – ” The Natural Brigde” (1996) / “American Water” (1998) / “Bright Flight” (2001)Porque quando ouvi estavam todos misturados numa coletânea. Um poeta absurdo, que toma a música como pano de fundo para suas declamações… E as músicas são ótimas. Noites e noites em que eu ouvia Silver no quarto e o teto virava uma tela de cinema.

Radiohead – “Hail To The Thief” (1997)
O disco que tem mais músicas, o mais rápido de fazer, com menos reinvenções estéticas dentro da banda… Estão lá fazendo o que aprenderam desde o começo. Também acho que são as melhores letras…

RAFAEL PANKE (baixo)
“Em ordem cronológica inversa”.

Flotation Toy Warning – “Popstar Researching Oblivion” (2004)
Paisagens distantes, argonautas oníricos e realismo fantástico.

Belle And Sebastian – “If You’re Feeling Sinister” (1996)
And then quiet was the new loud.

dEUS – “In A Bar, Under The Sea” (1996)
Porque eu tinha que escolher um só…

Pale Saints – “Slow Buildings” (1994)
Marca de uma fase bem sinestésica da vida.

David Bowie – “The Man Who Sold The World” (1970)
Nosso anunnaki favorito!

GIOVANI FARINA (bateria)

The Ramones – “Rocket To Russia” (1977)
“Festinha” total, alegria pura, pegando a gata pra passear numa tarde ensolarada…

Sonic Youth – “Murray Street” (2002)
Longas caminhadas pelas ruas de seu bairro, pássaros a cantar…

Pink Floyd – “Piper At The Gates Of Dawn” (1967)
Lembro de… Esqueci.

John Coltrane – “Live At Birdland” (1963)
No meio da floresta, cai a chuva, vem aquele cheiro de vida.

Jorge Ben – “A Tábua De Esmeralda” (2002)
Um sorvete em dias quentes ou um pulo em uma cachoeira."

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