Terreno de experimentação
DANIEL BARBOSA
Instrumental, experimental e livre - são as únicas classificações possíveis de se aplicar ao tipo de som praticado pelas bandas que compõem a programação do Pequenas Sessões, evento que acontece de hoje a domingo, no Teatro Municipal de Sabará e no Teatro da Biblioteca Pública Estadual, em Belo Horizonte. Com três edições realizadas ao longo de 2008, em datas distintas, o que nasceu como um projeto de intercâmbio musical, criado pelo selo mineiro Le Petit Chambre, volta à carga agora com formato de festival, amparado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e sob os auspícios do Conexão Vivo.
Daniel Nunes, diretor do Le Petit Chambre, diz que o Pequenas Sessões nasceu como um canal de diálogo entre as bandas e projetos que compõem o cast do selo - Constantina, Lise (das quais ele faz parte) e Barulhista - e grupos de outros Estados que militam na mesma seara. "Queríamos trocar informações e experiências com artistas que não são conhecidos, não estão no mainstream e que, como a gente, trabalhassem com música instrumental experimental, o que eu também gosto de chamar de música atual", diz.
Ele destaca que, dentro desse conceito, o universo de gêneros é o mais amplo possível, indo do jazz ao punk, do eletrônico ao art-rock, da música ambiente à psicodelia, incluindo as interseções com o vídeo e com a webarte. "São propostas musicais que abarcam todas essas referências, transitando livremente por elas", aponta.
André Ramiro, guitarrista da banda curitibana Ruído/mm (Ruído por Milímetro), considera que seu grupo se enquadra perfeitamente na proposta do Pequenas Sessões, justamente por não se encaixar em estilo nenhum. "Não sei bem o tipo de música que a gente faz, não cabemos em rótulo nenhum. Temos influências que vão do erudito ao punk. O que a gente tenta é capturar o ouvinte o tempo todo, então são muitas variações. Nosso desafio é organizar o barulho, o ruído, que pode ser musical e melódico", situa, acrescentando que o intercâmbio entre os grupos que investem nessa mesma estética musical começa a se fortalecer. "Pelo menos o suficiente para sermos convidados para um festival como esse", diz.
Richard Ribeiro, baterista que toca com Maurício Takara e com o grupo SP Underground, e que comparece ao Pequenas Sessões com seu projeto Porto, reforça o caráter libertário das bandas que compõem a programação. "A definição do que eu faço com o Porto depende de quem ouve. Tem gente que fala que parece Pink Floyd e tem gente que identifica jazz no meu trabalho. Obviamente que a gente pode classificar como instrumental, mas o que pesa mesmo é o desejo de arriscar o que não é convencional", destaca, saudando o evento. "Não é comum você ver isso, um festival com estrutura legal e que tem abertura para esse tipo de som".
Programação
Hoje. M. Takara 3 (SP) e Constantina (MG), no Teatro Municipal de Sabará (rua Dom Pedro II, 400, centro de Sabará)
Amanhã. Porto (SP) e Lise (MG), no Teatro da Biblioteca Pública (pça. da Liberdade, 21, Lourdes)
Sábado. Ruído/mm (PR) e Constantina (MG), no Teatro da Biblioteca Pública
Domingo. Juan Stewart (Argentina) e Lise + L-ar (MG) e Barulhista (MG), às 17h, no Teatro Municipal de Sabará
* Todos os shows acontecem a partir das 20h30, exceto o indicado, e têm entrada franca
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