"Colonialistas" curitibanos tentam vencer o desafio de dar o passo além depois de um ors-concurs
ruído/ mm é uma estranha unanimidade. Unanimidades tendem a ser estranhas, e obrigatoriamente ruins, pois unem faces e forças do universo de gostos (musicais, no caso) que na verdade nunca deveriam se unir, e pelo contrário: o confronto os fazem crescer. ruído/ mm é uma espécie de "santo" anti-confronto de equalização dessas forças (basta ver o que foi a aclamação do disco deles de 2008, a praia). Isso é interessante pois a música da banda instrumental curitibana, já decifrada (em tentativas) e consagrada (em ações, como esta lista) no mesmo 2008 por aqui, nasce também de uma espécie de sagração ecumênica - que não, não dispensa o confronto de forças, porém. É a velha temática do pós-rock, uma dialética de tons e estruturas caminhando paralelamente, se unindo, se revelando outras. Debatendo, para chegar em algum lugar, em algum sentido, ainda que indeterminável. O ruído ainda tem o aditivo de transportar para essa temática uma espécie de linguagem fantasma da colonização eslava em sua terra de origem, via instrumentos - alguns - que flertam com "folk" dos cafundós europeus. O ruído/ mm é a própria colonização “tradicional”, em síntese, um movimento coordenado, contraditório, de construção de uma certa memória futura; de uma fundação firme, mas de interrogações. Não se decifra, na verdade, o que está por vir, que "terra" se cria, e o tipo de coisa que eles fazem...
Em a praia, todo mundo ficou com caravana. Sem contradição, sem senão. Um perigo fazer um disco depois disso, dessa unanimidade (eles, por proteção, desistiriam de tentar a neblina de estruturas inéditas?). É no que eles trabalham agora, nesse passo além, com previsão de conclusão em junho de 2010. De acordo com o que vocês encontram nesta entrevista concedida a nós por André Ramiro, não há medo de tentar outras rotas, e isso é bom. O nome de várias faixas já adiantadas e uma pequena descrição sobre elas também já estão aqui neste registro. Vale o senão de que, se a filiação ao projeto de criação dos curitibanos é quase irrestrita no universo extra-banda, alguns integrantes "pioneiros" desistiram, ficaram pelo caminho: e é para eles o tema "Valsa dos desertores": o nome já diz tudo. É em homenagem àqueles que tem abandonado o grupo ao longo dos anos. A história e suas contradições.