quarta-feira, 24 de outubro de 2012

MTV - Qual a medida da música? A banda ruído/mm explica (por Eduardo Roberto)



"Você já ouviu uma cor? Viu um cheiro? Isso é chamado de sinestesia, a criação de uma relação entre diferentes sentidos. O ruído/mm tem no cerne da sua existência essa ideia, buscar uma música que também seja uma paisagem.

O quinteto curitibano existe desde 2003 e desde o seu primeiro disco 'Série Cinza', em 2004, tem figurado entre as mais interessantes bandas instrumentais no Brasil, especialmente no nicho que compreendemos por post-rock.

O nome da banda (lê-se "ruído por milímetro") representa uma unidade de medida imaginária, "criada para representar aquilo que não pode ser descrito/verbalizado", segundo eles próprios.

'Introdução à Cortina do Sótão' é o último disco lançado pelo grupo, em 2011, e repercutiu de forma muito positiva na mídia musical, principalmente a blogosfera. Você baixar o álbum (e também os outros da banda) no site da Sinewave.

Neste ano o ruído/mm gravou ao vivo uma linda versão para o clássico do Legião Urbana, 'Índios', que circulou com força pela internet e, mesmo sendo um cover, é um bonito exemplo do tipo de atmosfera que a banda cria, tanto ao vivo como em estúdio.

O guitarrista André Ramiro respondeu as sete perguntas básicas do MTV Instrumental. Como ele próprio diz, "Segue o baile":

Por que instrumental?
Por opção estética, dentro da estrutura dos arranjos e desconstrução da estrutura da canção. Pela natureza dos músicos da banda. Um pouco pela universalidade disso também. Além disso respeitamos até demais o papel das letras, então, até hoje, na dúvida, preferimos ficar quietos. 

Toda música instrumental é experimental?
Não. Na verdade poucas bandas instrumentais são experimentais, poucas mesmo. Experimental é realmente viver em um laboratório – testar, pensar, experimentar, digerir e muitas vezes criar algo que será entendido depois de 100 anos. Normalmente quem faz música experimental dificilmente é rotulado como instrumental. E o termo instrumental é meio complicado também, porque pensemos no seguinte: música clássica é instrumental, assim como o jazz, mas ninguém chama ambos os gêneros de música instrumental, certo?

Existe uma "cena instrumental brasileira"?
Existe há muito tempo... Hoje temos mais bandas e uma quantidade maior de gêneros dentro da música instrumental, se assim podemos dizer. Não sei ao certo, mas cavalgando conosco há diversos grupos com quem temos extrema afinidade. Um depende do outro, pois cada estado possui seu núcleo. O futuro é promissor, pois cada banda forma um público e as coisas começam a trabalhar em conjunto. No final, teremos uma grande festa.

Qual a principal diferença entre as suas gravações e os shows?
Para quem assiste uma banda como o ruído/mm, o show é uma experiência sinestésica. É muito difícil reproduzir o efeito do grupo em um disco. Há muita coisa em jogo, principalmente as guitarras, com os timbres, texturas e ruídos. Acho que ao vivo a pessoa realmente entende o nome da banda.

Qual o papel do improviso no som de vocês?
Intenso durante o ócio criativo, no momento que uma música está surgindo. Depois que fechamos, não há mais espaço. Não agora, talvez um dia até façamos algo. Não sabemos. Certo é que cada trecho, cada arranjo é estudado um milhão de vezes, testado e torcido até o último minuto, e eles são fundamentais no andamento das percepções.

O fato de não haver elemento vocal na banda traz um novo foco aos timbres da música? Como vocês lidam/pensam a questão dos timbres?
Mesmo se houvesse vocal, os timbres são importantíssimos. Se pensarmos bem, a voz é mais um elemento melódico. Se o sax falasse, ia ser algo do tipo. Os timbres te levam a viajar no tempo, abrem espaço para você perceber que o grupo está flutuando em determinado gênero musical e assim vai.

Para vocês o que é mais importante hoje: 1000 likes na fan page do Facebook ou um show para 150 pessoas?
150 pessoas por show, com certeza. Se tocarmos em 6 cidades para 150 pessoas por show, provavelmente ultrapassaremos os 1000 likes. Haha

MTV INSTRUMENTAL é uma série diária com entrevistas de bandas instrumentais brasileiras."

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