A primeira edição do “Curitiba Vai Pro Inferno” levou cerca de 400 pessoas ao Inferno, bar que já recebeu tanto bandas como a cultuada Hurtmold (SP) e a californiana Knights of the New Cruzade, como bons exemplos atuais do rock nacional – Móveis Coloniais de Acaju (DF) e Vanguart (MT). E a invasão curitibana terá novos capítulos. Outros eventos com bandas da cidade devem ocorrer ainda neste ano.
Em ação
Já era uma hora da manhã de sábado quando ruído/mm soou. O septeto colhe os frutos do lançamento do EP Praia (Open Field/Peligro Discos) – lançado em setembro do ano passado, está entre os dez melhores de 2008 segundo o site TramaVirtual.
“Valsa dos Desertores” abriu o set e a viagem musical. Com influências diretas de Mogwai – passando por Yo La Tengo e Debussy – baixo, bateria, escaleta e sanfona colorem o peso de quatro guitarras, criando uma rede de sons viscerais que ora são drama, ora explosão.
Feitos os ajustes necessários depois da primeira música, o grupo valeu-se da boa estrutura técnica do Inferno, ao construir suas camadas melódicas de maneira a promover olhares de curiosidade em parte do público. A antiga “Praieira” e “Baixo e Guitarra” finalizaram a apresentação de 43 minutos, instigante para quem não conhecia o som instrumental do grupo e satisfatória para quem acompanha a trajetória do ruído/mm, formação das mais originais que se aproxima da consolidação.
Três minutos depois das duas horas da manhã, um sexteto ganha o palco. Heitor & Banda Gentileza valem-se das mesclas sonoras – de Jorge Ben a Gogol Bordello –, da inventividade instrumental – utilizam com bom senso um tanque de lavar roupas, um cassiotone, uma concertina e um violino – e principalmente das letras bem trabalhadas de Heitor Humberto, frontman do grupo criado há quatro anos.
“Pseudo Eu” abriu o show e promoveu coro no refrão filosófico à la Tom Zé (“Eu sou o meu pseudo eu”). “Sintonia” deixou clara a evolução do grupo, principalmente nos metais de Artur Lipori (trompete) e Tetê Fontoura (sax), agora parte fundamental da composição samba-rock.
“É o show mais importante da nossa carreira pela repercussão que já teve e pelo que ainda pode vir. Não é a prova definitiva de que a cena em Curitiba está forte, mas é um bom indício de que fazer algo diferente, criativo e com profissionalismo dá certo”, disse Humberto, horas antes de subir ao palco.
Durante o show ainda houve pitadas-deboche de Reginaldo Rossi e Ricky Martin.
O bem-humorado grupo entra em estúdio no segundo semestre para gravar seu primeiro álbum. O produtor foi escolhido a dedo: Plínio Profeta, vencedor de dois prêmios com a trilha de Feliz Natal (2009), filme de Selton Mello, e de um Grammy latino com a produção de Falange Canibal (2002), disco de Lenine.
Por 40 minutos o pop-rock dançante reinou no Inferno. A banda Sabonetes destilou suas músicas do EP Descontrolada e construiu uma pequena pista de dança em frente ao palco. Franz Ferdinand e Bloc Party fazem parte das principais referências do quarteto, que também prepara disco para este ano. “É meio que um carma. Temos que gravar nosso primeiro disco e começamos na metade de fevereiro”, contou Artur Roman, guitarrista e principal vocalista do grupo. “O disco terá 11 faixas e será produzido por Tomás Magno”, revelou. No portfólio, Magno tem discos de Skank, Detonautas e Barão Vermelho.
A festa na pista teve seu auge logo depois das quatro horas da manhã. A apressadinha Copacana Club – fez o primeiro show em dezembro de 2007 e já está entre as mais badaladas da cidade – finalizou a invasão curitibana com um rock urgente e contagiante, que lembra Clap Your Hands Say Yeah e The Rapture e o que há de bom em Cansei de Ser Sexy.
King of the Night, EP lançado virtualmente no ano passado, ganhou adoração de fãs e foi responsável pelo sucesso rápido que ainda assusta a vocalista Camila Cornelsen. “Deve ser o maior público que o Copacabana já viu”, disse Camila, que, no palco, é atração inquestionável. Utiliza dança e pulos para construir uma performance cativante logo no primeiro contato.
Just Do It, música que nasceu hit, levou Camila ao meio do público que permanecia no Inferno mesmo com o sol a caminho do lado de fora: foi o fim de uma festa curitibana em solo paulista.
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