Instrumentais e festeiros prometem retomar a “tocha” no Brasil
16/12/2009
Se 2009 foi um ano que teve explosão um tanto oculta, à margem, de algumas manifestações experimentais fora da curva (Acessórios Essenciais, Rump, Alpendre, Buon Giorno Luamada, Península Fernandes, SoulOne), vai ser marcado porém como o ano dos "maduros". Sobretudo como o ano da reafirmação de uma música de caráter altamente brasileiro (a nova-MPB, como alguns escolhem) e mais “adulto” (no mínimo pós-universidade). Os discos de Lucas Santtana, Romulo Fróes, Céu, Heitor e Banda Gentileza, Bruno Morais, Cidadão Instigado, Tiê, Móveis Coloniais e mesmo o nosso favorito Pullovers, para citar apenas alguns, escreveram a história do ano como protagonistas, de acordo com o que comprovaremos em nossa eleição - que será publicada ainda nesta semana - e em qualquer lugar que se ande por aí. Mas e o que reserva 2010? Nós sabemos que alguns discos já estão prontos (Mamma Cadela – leia aqui o Ouvimos Antes -, que aliás apadrinha e produz o de Juliana R, que anda junto com o pessoal do Cérebro Eletrônico, que também tem a ver com toda essa nova explosão de "brazilian pride" - todos os três meio que prontos).
Mas também há o dos dançantes Holger (em fase de imersão "afropit" – leia aqui preview), cheio de canções novas (algumas realmente muito boas, sem concessões pra quem quer a repetição do EP de estréia), e buscando um produtor que dê conta de sua liberdade sonora. Ainda na linha da cintura, estão Garotas Suecas - este em viagem cada vez mais próxima da "psicodelia em brasa", contam os shows -, Lucy and the Popsonics, os fashion-rockers do Copacabana Club, sem falar de CSS: todos devem disparar novidades em 2010 e devem deslocar um pouco o curso dessa tendência de música "para adultos", reequilibrando o passo, de novo, mais para as pistas. O Do Amor, que faz a ponte entre o elemento pista e o lance universitário/ neo-MPB próprio do “padrão” 2009, também tem disco praticamente pronto.
Voltando ao brazilian pride, entre aqueles com pé na MPB tão exitosa em 2009, Karina Buhr já deve ter trabalho pronto (leia aqui preview que fizemos com ela), de Curumin também deve se esperar algo, assim como os mais experimentadores e psicodélicos China, Nuda e Mombojó, recifenses cujos aguardados discos (eventualmente "intercontaminados" pelas mãos uns dos outros, no caso de China e Mombojó) neste momento encontram-se em processo progredido. Mombojó vem de um debute maduro mas ainda indefinido e de um segundo disco de definição que careceu de maior atenção geral, mas que hoje revela algumas pepitas que, mesmo sem a presença do flautista Rafael, morto em 2007, parecem ser o ponto zero das músicas novas, vastamente divulgadas ao vivo e no YouTube. Marcelo "Momo" Frota, entre os mais experimentadores em música brasileira, também tem intimismos novos a chocar com a seta geral mais coletivista da música nacional atual, e os dois discos de Nina Becker, voltando ao tradicionalismo nessa conversa, também devem ter ficado para 2010. Ficaram, certo?
Um filão que em 2010 deve reacender, já que em 2008 esteve em voga e houve recuo em 2009, é o da chamada "nova" música instrumental. Guizado, cada vez menos (estritamente) instrumental, cantando inclusive, prepara um trabalho novo após seu aclamado Punx, isso sem falar nos furiosos do post-rock nervosão do Elma (com os quais fizemos preview recentemente - leia) e do Labirinto, nos (re)colonizadores eslavos da vanguarda em Curitiba do ruído/mm, na Pata de Elefante, que também promete boas novidades e, claro, no Mamma Cadela, que possui o álbum mais atrasado entre todos esses (há poucos meses a banda definiu assinatura de contrato com o selo curve-music). Quem sabe, também o mais antecipadamente colocável entre os possíveis melhores do ano que vem. É batizado Mamma Cadela e a Geração Espontânea aliás.
Uma banda que guarda parentescos na mesma árvore genealógica do Mamma, mas não produz música instrumental, é o stella-viva, de Curitiba, que também tem disco praticamente pronto (leia preview). O quarteto (formado por integrantes que não moram em Curitiba) juntam rock de vanguarda americano com Clube da Esquina. Isso sem falar do Fire Friend, que também tem enveredado pelo post-rock em "registros-teste" em seu perfil na TramaVirtual.
Voltando um pouco aos instrumentais, Hurtmold e principalmente M. Takara, depois da aventura de escudeiros para Marcelo Camelo, também têm sugerido existência de material novo em apresentações (no caso do Takara) e especulações (no caso do Hurtmold, sobre o qual, concretamente, nada sabemos). O Burro Morto já tem Baptista Virou Máquina praticamente encaminhado, e vem inclusive produzindo e divulgando por meio do YouTube alguns teasers desse disco: http://www.youtube.com/watch?v=iA8eFg9VHIQ
No lado mais pop, Apanhador Só (leia preview), Mordida (de Curitiba) e Vanguart devem soltar discos em 2010. Supercordas (leia preview) também, com músicas que já estão na "atmosfera" underground brasileira desde 2007, através de dezenas de apresentações. Saindo do pop, mas ficando na chamada “psicodelia”, no rap, o inquieto Parteum está lapidando pedaço a pedaço seu novo e segundo álbum, de acordo com o próprio, "com começo, meio e fim", assim como ninguém se surpreenderá se Kamau, Nel Sentimentum (outro de Curitiba), Contra Fluxo e Mamelo Sound System também vierem com novas rimas e/ ou produções quentes, dando continuidade a suas obras no hip hop.
Mas e o que pode surgir de novo, de verdade? Bom, cheque aqui essa espécie de carta de tendências que preparamos ainda essa semana em forma de registro de revelações.