terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Trama Virtual - Faixa a faixa: Introdução à Cortina do Sótão (por Ricardo Tibiu)



Faixa a faixa: Introdução à Cortina do Sótão
Banda curitibana ruído/mm nos fala sobre seu novo lançamento!
Por: Ricardo Tibiu


Esqueça tudo que você ouviu este ano, ou melhor some este disco a todos eles… E tente parar de ouvir introdução à cortina do sótão! Post-rock? Definições são rótulos. Rótulos, as pessoas usam em produtos. O produto no caso, é o CD. Quanto à música, o virtual-real: que cada um tenha a liberdade de sentir a música sem esta pressão de música-esfinge, disse Liblik abaixo. Cá entre nós, que delícia de CD, da arte física à musical! Tipo, sabor algodão doce… preto, saca?. É isso: ruído/mm, da fria Curitiba/PR para o mundo… real e virtual! Liblik (piano), Ramiro (guitarra), Panke (baixo), Pill (guitarra) e Giva (bateria) abriram um pouco a cortina do novo disco deles, que sai via Sinewave, e mostraram um pouco da viagem por trás do CD… Para desvendar mesmo (ou tentar), só escutando e viajando junto, seja com Franz Boas, Snoopy, Houdini ou Luiz Caldas! Quem acompanha?


“Ciclotimia”

Liblik: O sótão é um lugar que não existe para as novas gerações que vivem em apartamentos. Aliás, hoje em dia chamam-se áticos: nome usado pelos vendedores para designar um lugar que se associava ao mofo, ao pó, à memória. Logo o disco começa com a lembrança de um lugar que se associava às tristezas e às alegrias (onde as crianças se escondiam quando queriam comer um doce escondido? Ou chorar quietinhas?). É um lugar para as emoções extremas.

“Zarabatana”


Ramiro: Veneno e antídoto.
Panke: Un hurracán en Nayarit.

“Petit Pavé”

Pill: É um jogo de encaixe. Poderia se chamar Tetris, Lego, etc, mas acho que “Petit Pavé” é mais adequado. Apresentamos uma ideia e ela vai mutando no decorrer da música. Tentamos fazer ela soar mais Ethiopiques, mas não deu certo... talvez um dia role um B-Side.

“Valsa dos Desertores”

Liblik: Esta música é dedicada a todos aqueles que fizeram parte do ruído/mm e que nos abandonaram/abandonarão ao longo do tempo. É em três tempos - por isto “Valsa”, e não por ter um andamento ¾, o que de fato não tem - e tem este caráter de dança que gira - é cíclica, como a vida. Vai-e-vem.

“Esquimó”


Panke: Franz Boas provavelmente teria ficado pirulitando entre a Geografia e a Psicofísica, se não tivesse passado um ano entre os inuítas. Este povo hiperbóreo era também chamado depreciativamente por seus rivais athapaskans de esquimós, ou “aqueles que comem carne crua”. Entretanto, a historieta mais difundida por aí versa sobre um suposto hábito mantido por eles, que consistiria em oferecer os serviços íntimos de suas esposas aos visitantes, num estranho ritual de boas-vindas. Aparentemente, Boas não foi contemplado com tal experiência ao adentrar a tribo, cujos surpresos habitantes anunciavam o recém-chegado aos gritos de “Qodlunaq! Qodlunaq!”.

“O Prestidigitador”

Pill: Pode ser uma manhã, no sótão, o bule fervendo, pássaros acordando, et cetera e tal. Por outro lado adoro pensar no Snoopy e no Charlie Brown quando começa a nevar.
Liblik: Num tempo passado, havia os mágicos, os ilusionistas. Hoje, é a técnica a nova metafísica. Esta música traz estas sensações do tempo de Houdini e a sua “superação” (ou perda) atual.


Como vocês definem o som do Introdução à Cortina do Sótão?

Liblik: Definições são rótulos. Rótulos, as pessoas usam em produtos. O produto no caso, é o CD. A parte física. Quanto à música, o virtual-real: que cada um tenha a liberdade de sentir a música sem esta pressão de música-esfinge. “Decifra-me ou devoro-te”.
Pill: Acho que tanto o som quanto a capa são nossa tentativa de apontar uma flecha para trás e outra para frente. Ou encontrar de que forma podemos trabalhar com nosso velhos conceitos. Acho que é uma re-visitação a algo indefinido. No sótão procuramos achar coisas no baú, objetos empoeirados no canto. Não vivemos o que estamos achando, mas de alguma forma aquilo que é velho toma a expressão do nosso olhar.

Quais são as influências?

Liblik: Luiz Caldas, é claro.
Giva: Os maluco tão nessa de lambada, só eu que curto o Soniquiúf mermo!

Gostaria que vocês falassem um pouco da parte de produção do disco.

Ramiro: Ruídos em banda, tem de tudo um pouco. As músicas são de todos, inclusive dos que desertaram. A produção foi panke rocker, junto com o Paulo Bueno, do Click AudioWorks.
Panke: O Paulo é um dos engenheiros de som mais competentes que eu conheço, sabe pilotar como ninguém toda aquela maquinaria disponível no estúdio. A parte mais engraçada de todo o trampo fica por conta da comunicação - como traduzir em definições inteligíveis conceitos intuitivos e extremamente subjetivos, tipo “pouxa, este trecho tinha que soar mais algodão doce preto, saca?”.

A arte do disco é muito bonita, tem todo um cuidado e capricho. Quem a fez e qual foi o conceito?


Panke: O conceito visual segue o conceito da música, é o disco como um todo, conforme delineado pelo Pill algumas perguntas acima. Confiamos a interpretação gráfica disso aos nossos talentosos amigos, o designer Jaime Silveira e a fotógrafa Mariana Zarpellon. As 300 primeiras cópias que fizemos foram numeradas, carimbadas e montadas à mão.

Agora com o disco lançado, quais são os planos?

Ramiro: Gravar mais um disco e manter a pilha carregada. Shows têm acontecido e esperamos organizar uma agenda mais recheada em 2012.

Qual é a cor da cortina do sotão?

Liblik: A cortina é um anteparo para o mundo. Ela não tem cor própria neste caso. Ela pode revelar a luz ou aumentar a escuridão. Se você pensar no lusco-fusco por exemplo, elas se tornam alaranjadas ou ocres. Cada um tem seu olhar. Sinestesia. Quando você abre a cortina, o sol pode te cegar. Ou pelo contrário, a noite pode ser estrelada e enluarada e com isto ser repouso e calmaria. Ou vice-versa.

Veja a matéria completa, com fotos e músicas, direto na Trama Virtual!

Nenhum comentário:

Postar um comentário