terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Melhores álbuns de 2008 - por TramaVirtual

Conheça os tops do ano em eleição realizada pela equipe da TramaVirtual com auxílio de jornalistas convidados

Assim como acontece todo ano, a equipe da TramaVirtual juntou suas anotações de fim de ciclo às de jornalistas de fora da redação, para tentar enxergar, nessa junção, um desenho fiel ao que foi a música brasileira de ponta em 2008. É claro que nas internas, nossas visões sobre música divergem, e muito... Imagina então quando nos submetemos ao "confronto" com visões externas. Acreditamos, porém, que desse confronto possa nascer, senão justiça, reflexão e talvez alguma verdade, na pior das hipóteses.

O pressuposto principal, em termos de quem se convidou, foi a abertura para vários tipos de procedências dentro do que se convencionou chamar mundo independente - recebemos listas de jornalistas iniciantes, blogueiros, veteranos, populares, undergrounds. Ao final, a lista de melhores do ano definitiva acabou encontrando álbuns que se beneficiaram, primeiramente, de grande esforço e estratégia de divulgação dentro do mundo independente, em todas as suas camadas. O que mostra (sim, a verdade da) profissionalização e a amplitude atual de possibilidades envolvendo o tratamento dos produtos nesse meio. Depois, álbuns, esses mesmos, em sua maioria, no mínimo inquietantes. Este avanço, um verdadeiro avanço estético que verificamos em 2008, é o registro maior da síntese gerada por esse mix divergente de opiniões, e nossas caras, as nossas mesmo e as deles, estão para bater logo mais, abaixo, nas listas individuais. Ah, não esqueçamos, o sistema de contagem foi simples: cada um votava em 10, se bem que votar em menos que isso era possível. A menção no topo da lista significava 10 pontos, na segunda posição, 9, e assim por diante, até o pontinho que disco tal sapecava via citação lá na rabeira do décimo lugar. Isso para todas as listas. Confira então a lista final de 10. Divirta-se e opine.


10 - Holger - The Green Valley EP (Research Club)

É de se ficar pensando por que, em tão pouco tempo, tanta gente gostou deste EP do Holger, banda formada há menos de dois anos por moleques de vinte e poucos anos. Talvez seja porque poucas bandas no país tenham conseguido botar em prática tão bem quanto eles, nestas seis músicas, a proposta de fazer pop pelas vias do indie rock. Ou talvez porque não seja muito fácil de se ver novas formações por aqui colhendo e demonstrando tantas e tão boas referências no que se convém chamar de rock alternativo - de New Order a Dinosaur Jr, de Flaming Lips a Pavement, fora citações a Sufjan Stevens e Tony da Gatorra - sem por momento algum soar como cópia descarada. Ou até mesmo pode ser por causa da produção impecável das faixas. Some-se que tudo vem acrescido de um entusiasmo juvenil celebratório saudavelmente blindado contra a munição bad vibe da típica atitude “nem aí” da cena indie paulistana e temos uma receita e tanto, pra saborear por muito tempo sem enjoar. (Dago Donato)


9 - Mallu Magalhães - Mallu Maglhães (Independente)

Todos já sabem tudo sobre o caso Mallu Magalhães: menina de classe média faz algumas músicas e as divulga por meio do Myspace. Chama atenções. Bem-aconselhada e carismática, excita a mídia pop, que a enquadra, não sem um impulso provinciano, como fenômeno; faz shows concorridos, tem identidade fisgada como um ícone capaz de vender celulares, atitude e inclusive música. No final do ano, a cantora lança seu disco de estréia, homônimo, que traz mensagens adolescentes e pós-adolescentes dentro de canções folk devidamente banhadas de estúdio. A crítica geral aprovou, com diferentes tipos de entusiasmo, o disco: mas aprovou o fenômeno em si, meio que respeitando o álbum como parte da concretização de um acontecimento pop maior, ou a arte que de fato a obra inscreve? O disco de estréia de Mallu Magalhães figura nesta lista e em outras por ser um disco realmente excepcional ou porque se instituiu, mercadologicamente, que a atenção (e portanto o volume de audições) em torno da cantora seria excepcional? São dúvidas que os melhores historiadores, quem sabe fora dos domínios do jornalismo pop, poderão quitar com o passar do tempo. Se tudo isso ainda for pertinente. (Claudio Szynkier)


8 - Marcelo Camelo - Sou/ Nós (Zé Pereira)

Desde o fim das atividades do Los Hermanos, foi criada expectativa acima do normal sobre qual seria o próximo passo do compositor, chamado por alguns de Chico Buarque de sua geração. A expectativa teve fim quando veio à tona o álbum Sou. Muitos se preocuparam apenas em comparar o novo trabalho de Camelo com o de seu ex-hermano, Rodrigo Amarante, que lançou quase que simultaneamente a banda multinacional Little Joy. A verdade é que os dois fizeram álbuns pessoais. Sou é uma continuação de 4, derradeiro álbum do Los Hermanos, em que Marcelo Camelo se distanciou da sonoridade que fez do quarteto a banda brasileira mais influente da década. A figura carismática de Camelo, com uma discrição incomum, foi fundamental para o sucesso do novo disco perante público e jornalistas. Muito da grandeza de Sou se deve ao Hurtmold, que participa das canções e acompanha Marcelo em shows. O septeto injetou arranjos épicos onde o a paz reinaria. Como se o 4 entrasse na estrutura hurtmoldiana ou vice-versa. Casamento inédito e generoso em que uma banda instrumental, entidade indie que está na estrada há mais de dez anos, passou a acompanhar um ícone da música popular, sem que nenhuma parte se sobressaísse. Na discrição, e na inteligência, os corações se renderam. (Enrico Vacaro)


7 - ruído/ mm - A Praia (Peligro/ Open Field)

O ruído/mm, de Curitiba, escolheu uma imagem geográfica genérica para colonizar com suas guitarras e cruas sinfonias modernas de rock. A Praia, essa imagem mais mental e pessoal do que de qualquer outra procedência mais concreta, tem a grande propriedade de se tornar um abrigo para o ouvinte, refrescando o clichê do disco instrumental que nos suga para um mundo paralelo. Muita gente, ao que parece, foi sugada. Investir nesse processo, nesse transporte, com um senso de criação VS economia quase assustador de tão exato é o que faz a diferença. Os paranaenses sabem o que colocar e como, a quase todo momento, em um álbum já tentado mil outras vezes mundo afora, freqüentemente com excessos e faltas que aqui não existem. Vale se ligar: o disco do ruído/ mm sinaliza e lidera uma boa nova onda vinda de Curitiba, sem preocupações maiores do que a música aparentemente. (Claudio Szynkier)


6 - Wado - Terceiro Mundo Festivo (Independente)

Sabe o The National, aquela banda que tocou aqui no Brasil em 2008 e lançou um disco chamado Boxer, em 2007? É razoável dizer que Wado seja o The National brasileiro, e a comparação não é uma aventura. Ela, ao contrário, pode nos mostrar o que faz do artista alagoano, em seu recente Terceiro Mundo Festivo, tão bem-sucedido quanto o grupo nova-iorquino sob o olhar, digamos, “antenado”. As duas iniciativas fazem o contrabando da tradição regional e cancionista de suas respectivas aldeias (essências tropicais e malandras terceiro-mundistas; provincianismo sonoro americano) para um domínio de modernidade pop global. Pode ser apenas por ter realizado isso que Wado tenha sido tão bem lembrado, não sabemos ao certo. O fato é que, embora esse contrabando, atraente por si, capte um bom número de ouvidos, ambos (The National, Wado) estão, na maior parte, interessados em trilhar caminhos e criar canções singulares e convincentes. De perceptível precisão melódica. É por meio de pianos arrojados invasores de objetivas músicas de ninar, como "Leva", que Wado, precisa e particularmente, nos convence. (Claudio Szynkier)


5 - Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro (Monstro/ Tramavirtual)

A música é capaz de envolver todos os sentimentos, ela permite vivermos na carne os estímulos de suas notas. O Macaco Bong sabe muito bem disso e usa o poder dessa consciência, alinhado ao talento dos três integrantes, para cortar a carne e transmitir suas notas da maneira mais intensa possível. Em suas “canções” instrumentais, o trio tece emoções devagar, com todo o cuidado para que cada gota de sensação seja vivida, saboreada. A explosão e a serenidade são tocadas com a mesma intensidade, afiada, romântica, e o êxtase está justamente no conjunto final, quando você pára e se lembra dos lugares em que foi parar ouvindo uma música ali, no seu quarto. Toda essa forma de compor e tocar foi mostrada pelos quatro cantos do país, e a performance ao vivo da banda ficou conhecida como uma das melhores em solo independente nacional. Esse reconhecimento cada vez maior do show gerou uma grande expectativa para o disco, que demorou a sair, mas como se pode ver nesta lista, agradou. Artista Igual Pedreiro acerta ao registrar em estúdio a intensidade do trio, a vontade de que cada nota, cada convenção, cada gota rasgue a pele e sangre. Eles sabem. (Pedro Bruno)



4 - Cérebro Eletrônico - Pareço Moderno (Phonobase)

O passeio pop parece despretensioso, o título parece despretensioso, o jeito largado da estrela no comando, Tatá Aeroplano, parece despretensioso. Mas o que fez esse disco especial para tantos foi, exatamente, a fórmula quase cientifica de seu passeio pop. Foi a construção calculada de músicas que caçam os seus sentimentos. Tudo no álbum foi trabalhado para conquistar; cada nota, cada barulhinho, cada letra está em seu devido lugar. Essa arquitetura charmosa, projetada sobretudo por Tatá, reflete a ânsia do frontman por alcançar o status que ele almeja – o de grande compositor e figura pop egressa do underground em sua geração. A sua desenvoltura ultrapassa a composição, seus meios carismáticos de relacionar-se com a arte contagiam e dão à sua imagem um número cada vez maior de admiradores. As cartas foram muito bem dadas com Pareço Moderno; e se esse é o primeiro, ou um dos primeiros passos certeiros de Tatá e sua turma, as projeções para o futuro são promissoras. Que ele a banda não percam o charme e a pose despretensiosa! (Pedro Bruno)


3 - Curumin - Japan Pop Show (YB/ Quannum)

Se no disco anterior, Achados e Perdidos, o paulistano Luciano Nakata, mais conhecido como Curumin, acenava com uma série de boas idéias dispersas em um trabalho de pouca coesão, neste Japan Pop Show ele acerta em cheio ao embalar pra viagem – e aí cabe um duplo sentido - o samba soul de Jorge Ben. Lançado lá fora antes que por aqui, o álbum chega palatável a ouvidos estrangeiros – e brasileiros, claro -, recheado de elementos do hip hop, dub, funk e pancadão, além de uma malemolência brazuca quase caricata – principalmente nas letras – que faz todo sentido dentro do contexto do álbum. Acompanhando, toneladas de participações especiais, nacionais e gringas, do skatista que virou groovemaker Tommy Guerrero aos patrões Blackalicious, do selo americano Quannum, passando por B Negão, Lucas Santtana e Marku Ribas, garantem o clima de festança multicultural. (Dago Donato)


2 - Momo - Buscador (Dubas/ Tramavirtual)

Após o promissor A Estética do Rabisco (2006), o carioca Marcelo Frota, que responde artisticamente pelo nome Momo, chega a este impecável segundo álbum praticando um pop romântico e rebuscado, com raízes fortemente fincadas na psicodelia folk. O trabalho encontra pares em gringos contemporâneos como Devendra Banhart e Espers, e mostra parentesco com nomes atuais da música brasileira como Marcelo Camelo e Fabio Góes. Mas, esteticamente, assume-se mesmo é como herdeiro do Clube da Esquina – e de Guilherme Arantes e de Belchior, entre outras figuras dos anos 70 -, na construção das canções como a linda "O Espinho Desaguou", que, com brilhante delicadeza, expõe imagens pesadas como "Quisera meu amor te abrir / Pra curar seu coração". Os contrastes, aliás, talvez sejam o que há de mais fascinante em Buscador: da instrumentação quase barroca, que dialoga com as técnicas de gravação em baixa fidelidade de um estúdio caseiro aos tristes quadros retratados pelas letras, sempre emoldurados por melodias que não conseguem esconder uma certa alegria outonal. (Dago Donato)


1 - Guizado - Punx (Urnban Jungle/ Diginóis)

O sucesso do Guizado é emblemático ao confirmar alguns aspectos que se consolidaram na cena independente nos últimos anos. Primeiro, a crescente aceitação da música instrumental, que aqui ganha roupagem pessoal e inédita. Depois, a questão da divulgação: foi violenta a exposição pela qual este disco passou, seja via circulação em si na internet, seja via show, que, versátil, foi executado à exaustão nos mais diversos locais. Punx é um terremoto de texturas que possui bases pesadas e tensas, criadas tendo como regra maior a intuição, sem grandes amarras estruturais: são poucas músicas que contam com um tema definido. É fundamental destacar a presença de Régis Damasceno e Rian Batista (Cidadão Instigado), além do baterista Curumin. Regidos pelo comandante Gui Mendonça, os três tiveram liberdade para dividir a cena em explosões sonoras. Na parceria com essas figuras, já há muito estabelecidas na cidade como ícones de uma nova cena, é inegável a presença de uma atmosfera paulistana em Punx. Os motivos que fariam o disco não estar nesta lista são muitos. É um álbum de estréia, difícil de ser ouvido, muitas vezes sombrio e na sua maior parte desprovido de melodias bonitas. Mas prova que tudo isso é relativo e a música pode percorrer muitos, e diversos, caminhos. (Enrico Vacaro)

Confira quem votou em quem.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cinco nomes para prestar mais atenção em 2008

O Antena Maurício Valladares lista em que você deve ficar ligado no próximo ano.

Os nomes das bandas que prometem pra 2009 são:

1. guizado
2. volver
3. os outros
4. academia da berlinda
5. ruido/mm

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

CD "praia" na revista O Grito!



Terceiro trabalho dos curitibanos do Ruído/mm (leia-se Ruído por milímetro), “A Praia” é um dos mais inspirados lançamentos do rock instrumental brasileiro de 2008. Influenciados por bandas como Friends Of Dean Martinez e Mogwai, o disco nos transcende ao Universo Cinematográfico Fantástico. Basta fechar os olhos e deixar-se levar pela suavidade de “Sanfona” ou “Praieira” (que não tem nada a ver com a música homônima de Chico Science) e a épica e alucinante canção que nomeia o disco, ambas que arrepiam durante seus mais de nove minutos cada uma. Captaneados por André Ramiro, o quinteto mescla momentos de puro transe com uma pegada mais roqueira que pode ser conferida na efêmera (e quase apocalíptica) “Célula Dois” ou ainda na crescente “Novíssima”. Se há algo a ser contestado no disco é sua curta duração. Se o disco nos remete a um filme, seu resultado nos deixa com a sensação de termos assistido um curta-metragem com gosto de quero mais. [GG]

NOTA: 7,0

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ruído/mm participa de pré-lançamento da coletânea DIS1


A Dissenso, misto de loja, selo musical, estúdio, produtora e núcleo propulsor de idéias, está prestes a lançar a primeira coletânea de uma série, a DIS1. Neste sábado, dia 22 de novembro, acontecerão quatro festas de pré-lançamentos, respectivamente, em Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza e São Paulo.

O objetivo da coletânea é unir obras de jovens artistas plásticos e gráficos a nomes da música contemporânea num livrinho-CD luxuoso.

DIS1 traz o tema “etéreo”, representado pelas bandas instrumentais ruído/mm, de Curitiba, Constantina, de Belo Horizonte, Fossil, de Fortaleza, e Labirinto, de São Paulo, além dos artistas Alice Freire, André Firmiano, Andrea Kulpas, Binho Barreto, Bruna Canepa, Bruno Nunes, Bruno Oliveira, Denise Alba, Felipe Diaz, George Frizzo, João Ruas, João XXIII, Joaquim Prado, Lucas Biazon, Marcos Brias, Marina Moura, Mario Ladeira, Nelson Luiz, Pedro Lucena, Renata de Bonis, Ricardo Akn e Thais Beltrame.

Ouça prévia de algumas faixas aqui e acompanhe no site da Dissenso a turnê de lançamento da coletânea. Veja abaixo a programação das festas de pré-lançamento:

São Paulo, SP
Labirinto + Gray Strawberries + Herod Layne, a partir das 20h
Casa Dissenso: Rua dos Pinheiros, 747
R$ 8 (ou compre uma DIS1 e entre de graça!)
Info.: (11) 3061-9842

Belo Horizonte, MG
Discotecagem com a banda Constantina, às 20h
Casa Lounge Café: Rua Congonhas, 527, Santo Antônio
R$ 3
(31) 8865-5699

Fortaleza, CE
Fossil, às 22h
Fafi Bar & Galeria . Rua Norvinda Pires, 55 . Aldeota
R$ 3
(85) 3261-3049

Curitiba, PR
Discotecagem com a banda ruído/mm, às 22h
Wonka Bar: Rua Trajano Reis, 326
R$ 8 até 00h. Depois R$ 10
(41) 3026-6272

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

TOP 5 - AR na + SOMA

Se você ainda não sabe, a banda curitibana ruído/mm lançou um dos discos do ano. Boa parte da culpa pelo resultado de Praia, disco que ligou os pontos entre Mogwai, Ennio Morricone e Yann Tiersen ˆ se deve a André Ramiro, responsável por guitarra, escaleta e percussão no sexteto. Além de fazer música de qualidade, Ramiro também ajudou a montar a Ruído Corporation, agência ligada à banda que já levou a Curitiba shows de Medications, Hurtmold e SOL, entre outras. A seguir, o multi-homem do rock paranaense lista as coisas que fazem sua cabeça na música e no rolê de sua cidade natal. Confira! 

5 shows que você viu:
Mogwai em SP;
Sonic Youth no Free Jazz;
Yo la Tengo em Maringá;
Todos o shows do Claro Que é Rock: Iggy and The Stooges, Flaming Lips, Nação Zumbi, Sonic Youth e Fantomas;
Tierry Robin no Rock in Rio

5 coisas legais pra fazer em Curitiba:
Comer um falafel no Baba Salin;
Tomar chopp da Eisenbahn no "A Vila";
Ir a um show na Pedreira Paulo Leminski num frio de lascar;
Andar de bike no final de semana visitando a "grande Curitiba";
Passear no calçadão da rua XV com música nos ouvidos num dia com 0ºC de temperatura. 

5 coisas pra odiar/evitar em Curitiba:
Dirigir de dia é caos total, afinal a maioria dos curitibanos são barbeiros;
Quem é de fora falar que aqui só têm pessoas frias e antipáticas;
Propagandas enganosas de que somos a cidade da cultura, ou cidade sorriso, ou cidade modelo;
Poluição das águas dos rios e mananciais que abastecem a cidade;
Falta de comprometimento da prefeitura em relação à música alternativa.

5 razões pra ter uma banda:
Segunda família;
Compor com os comparsas vale mais que gol num clássico (no caso um gol do Coritiba sobre o Atlético);
Ir à praia com a banda toda (+ instrumentos) para criações;
Viajar pra qualquer lugar do mundo com as pessoas que você mais confia;
Ter a possibilidade de tocar num bar e expor um pouco suas tendências musicais.

5 Bandas Brasileiras Novas:
Koti e os Penitentes;
Gengivas Negras;
Los Diaños;
Colorir;
Fabio Góes.

Deixei tantas outras de fora...

5 Discos de Post-Rock:
Mogwai - Happy Songs For Happy People;
Godspeed You! Black Emperor - Lift yr. Skinny Fists Like Antennas to Heaven!;
Labirinto – Cinza;
Constantina - Hola Amigos...!;
Explosions in the Sky - All of a Sudden I Miss Everyone.

5 Influências da Banda:
Era uma Vez no Oeste;
Mediterrâneo, Mar Morto, Canal do Panamá;
Neve dos Andes, Alpes e Himalaia;
A cena Musical de Curitiba;
Toda e Qualquer Boa Música.

5 Compositores que Admiram:
Ennio Morricone;
Debussy;
David Berman (Silver Jews);
Antonio Carlos Jobim;
Stravinsky.

5 Discos que Mais Ouviu Nos Últimos Tempos:
Stephen Malkmus & Jicks - Real Emotional Trash;
Silver Jews - Lookout Mountain, Lookout Sea;
Friends of Dean Martinez – Atardecer;
Radiohead - Hail to the Thief;
Dinosaur Jr - Where you Been?

5 Lugares Pra Saber Sobre Música na Internet:
Blogs com discos pra baixar;
All Music Guide;
Comunidade "Experimental Downloads";
Last FM;
Myspace.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Beach Boys - Trama Virtual


Discão do ruído/ mm é o assunto de entrevista com membros da banda
por Claudio Szynkier

Selado pela Open Field e pela Peligro, marcas brasileiras especializadas no que se convencionou chamar de post-rock, Praia é o novo disco dos paranaenses do ruído/mm, ou ruído/ milímetro. Deve ser um dos discos mais comentados do ano no cenário independente do Brasil.

Os sintomas são citações, das mais surreais – exemplo: no site Pitchfork perguntaram para o conhecido "brasileirista" David Byrne se ele conhecia o disco - às mais convencionais, a respeito da qualidade e do rigor deste trabalho.

Abandonando a condição de terceira-pessoa nesta matéria inicialmente não-crítica, pessoalmente eu digo que escuto discos todos os dias, de todos os lugares do mundo, e este aqui é um dos melhores que ouvi nos últimos dois meses. E o que pode ser dito além disso é que a estratégia de, por assim dizer, seqüestro do ouvinte que ele (eles, no caso, a banda) empreende vai muito além do rigor e da “qualidade” simplesmente. ruído/ mm é dessas bandas que parecem conseguir olhar para todo lado, a todo momento, como se estivessem constantemente em um campo aberto de lucidez, climas e imagens: uma praia, talvez.

O disco é divertido acima de tudo, por ser livre (antônimo tradicional de rigor). Passa leve, viaja por trilhas sempre convidativas. É um álbum de rock, de rock extremo e experimental, mas com sanfonas e cadências que lembram uma calma melancolia do cancioneiro regional do Sul. É noite e manhã geladas, às vezes na mesma faixa.

O ruído/ mm aparece em um momento fértil de novas bandas em Curitiba, que, pela entrevista, entendemos que se conhecem e andam meio juntas. Uma união que, ao contrário do que ocorre em outros solos nacionais, desconfia-se, se constrói mais a partir de afinidades, vontades e interesses musicais genuínos (embora, ou justamente por isso, a diversidade predomine); não tanto a partir de militância territorial, ou qualquer coisa dessa categoria. Música 80 por cento, política/ engajamento 20, diríamos assim.

A nova geração de Curitiba parece se definir no próprio disco do ruído/ mm: uma praia, insistindo na funcional figura, aberta de significados e andanças, lugar primordialmente de encontros e naturalmente propenso à criatividade. Mais sobre tudo isso aqui, na entrevista com a banda, representada por André Ramiro e Ricardo Pill. E escute uma parte do material de Praia aqui.

Que álbum exatamente vocês queriam, tinham em mente fazer?
Um disco sincero, com músicas que alimentamos desde nossa infância. Temos todos os tipos de referência para este disco: do erudito ao punk; do metal à world music. Mas tudo isso se mistura inconsciente e espontaneamente de forma etérea. Não é nada como um eletro-tango que mistura dois elementos estabelecidos e totalmente distintos.

Vocês estão sendo citados como a banda que fez um dos melhores discos brasileiros do ano. Isso é uma verdade pra vocês?
Não existe melhor álbum do ano e nunca irá existir. Vocês, mais do que ninguém, sabem que a cada hora tem uma nova música sendo registrada, um novo disco entrando na internet ou sendo prensado. Somos apenas mais um batalhão de infantaria.

Até na Pitchfork saiu algo, não é verdade?
Sim, numa entrevista com o David Byrne. Não sabemos como foi parar lá, mas tá bom demais... Só falta ele ouvir, gostar e depois passar pro Brian Eno.

Está mais fácil ou mais difícil ser uma banda como a de vocês, com alto nível de abstração exigido, nos dias de hoje, no Brasil? E em Curitiba?
Fácil não é, isso com certeza. Somos uma banda que precisa de tempo e de trabalho. Não dá pra fazer uma "Praieira" (música) num final de semana. São meses e meses lapidando para chegarmos a um consenso. Trabalhamos forte para que o disco seja sempre muito parecido com o show, ao menos a estrutura. E isso também precisa de tempo e ensaio. Não é mole, mas é o nosso esporte favorito e fazemos com gosto.

Curitiba ou Brasil, acho que é tudo igual, dentro de suas escalas. Poucos brasileiros gostam de bons sons, mas todos querem algo novo. Qual lado da moeda é o pior?

Que tipo de cena nova é essa que está se estruturando em Curitiba? Tem o Heitor, tem vocês, tem o Stella-Viva... Vocês são tipo amigos, trocam idéia de música?
Temos uma filosofia simples: fortalecer a vila. São tantos grupos interessantes e tão diversificados que a cena tá começando a misturar, virar uma coisa só. Pelo menos para nós do ruído/mm, Heitor e banda Gentileza, Stella Viva, Delta Cockers, Je Rêve de Toi, Wandula, Sick sick Sinners, Oaeoz, Folhetim Urbano, Mordida, Criaturas, Chucrobillyman, Koti e os penitentes, Bad Folks, Sabonetes, Poléxia, Nuvens, Giancarlo Ruffato, Plêiade, Charme Chulo, Copacabana Club, Gengivas Negras, Mecanotremata, Ovos Presley, enfim, citei algumas das bandas de qualidade da cidade.

Ou seja, todo final de semana alguma coisa boa está acontecendo por aqui. Não há do que reclamar. Estamos todos motivados e queremos fazer a coisa toda aquecer de verdade. Nisso, junte a força de alguns bares que estão abrindo espaços que antes não tínhamos, como o Wonka às sextas feiras e, daqui poucos meses, o James bar. Dois ícones da noite abrindo suas portas às bandas daqui. Nada é por acaso. As idéias amadureceram, não existem mais "showzinhos de bar". Todo mundo está produzindo, criando e trabalhando de verdade.

O que vocês esperam fazer daqui em diante com o disco? O que vocês esperam que possa acontecer?
Divulgar os hinos e tocar no Brasil todo. Gravar mais discos. Produzir mais shows aqui na cidade com bandas de fora (vide 2007). Agora, esperar, não esperamos. Estamos trabalhando para não deixar a fogueira apagar. Sabemos do potencial disso tudo, então vamos gravar mais, divulgar mais, conhecer mais gente bacana, antes que paremos de respirar.

Como vocês descrevem, enfim, o disco?
Como uma refilmagem fantasmagórica de coisas muito antigas.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ruído/mm fazendo barulho fora da província


por Claudio Szynkier

Faz algum tempo que a gravadora Trama, que possui o portal de bandas independentes Trama Virtual, tem olhado para Curitiba. Recentes entrevistas e citações na seleção “bandas da casa” e ainda nos podcasts tem acontecido com certa freqüência. A última e ótima surpresa foi à entrevista com a banda curitibana Ruído/mm que tem tocado direto na noite da nossa cidade, mas que muitas vezes passa despercebida pelo grande público. Parece que só quando alguém de fora diz que a coisa funciona que nós curitibocas começamos a dar valor. Repare nos comentários do repórter sobre a nossa cidade e sobre a banda.

Abandonando a condição de terceira-pessoa nesta matéria inicialmente não-crítica, pessoalmente eu digo que escuto discos todos os dias, de todos os lugares do mundo, e este aqui é um dos melhores que ouvi nos últimos dois meses. E o que pode ser dito além disso é que a estratégia de, por assim dizer, seqüestro do ouvinte que ele (eles, no caso, a banda) empreende vai muito além do rigor e da “qualidade” simplesmente. ruído/ mm é dessas bandas que parecem conseguir olhar para todo lado, a todo momento, como se estivessem constantemente em um campo aberto de lucidez, climas e imagens: uma praia, talvez.

O disco é divertido acima de tudo, por ser livre (antônimo tradicional de rigor). Passa leve, viaja por trilhas sempre convidativas. É um álbum de rock, de rock extremo e experimental, mas com sanfonas e cadências que lembram uma calma melancolia do cancioneiro regional do Sul. É noite e manhã geladas, às vezes na mesma faixa.

O ruído/ mm aparece em um momento fértil de novas bandas em Curitiba, que, pela entrevista, entendemos que se conhecem e andam meio juntas. Uma união que, ao contrário do que ocorre em outros solos nacionais, desconfia-se, se constrói mais a partir de afinidades, vontades e interesses musicais genuínos (embora, ou justamente por isso, a diversidade predomine); não tanto a partir de militância territorial, ou qualquer coisa dessa categoria. Música 80 por cento, política/ engajamento 20, diríamos assim.

A nova geração de Curitiba parece se definir no próprio disco do ruído/ mm: uma praia, insistindo na funcional figura, aberta de significados e andanças, lugar primordialmente de encontros e naturalmente propenso à criatividade. Mais sobre tudo isso aqui, na entrevista com a banda, representada por André Ramiro e Ricardo Pill.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

ruído/mm e Banda Gentileza levam Tony da Gatorra a Curitiba

Em seu segundo show na capital paranaense, o gaúcho inventor da gatorra (sintetizador cujo formato é similar ao de uma guitarra) é convidado da primeira Sexta-Freak, projeto organizado pelas bandas curitibanas ruído/mmHeitor e Banda Gentileza, que abrem a noite. A festa acontece no Wonka Bar esta sexta (26 de setembro), a partir das 23h.

O ruído/mm apresenta o instrumental sofisticado do recém-lançado álbum, Praia, que saiu pelo selo Open Field e está à venda no site daPeligro. Enquanto ensaia o lançamento do disco de estréia, o sexteto Heitor e Banda Gentileza chega com sua mistura criativa de rock gritado, groove guitarreiro e sambas rascunhados, que servem de base às letras sagazes do vocalista Heitor Humberto.

Tony da Gatorra, como ficou conhecido, passou a utilizar o instrumento para fazer suas músicas aos 11 anos. De lá pra cá, gravou quatro CDs. Nas composições, muitas críticas, principalmente à política. Ele declara que suas músicas são protestos contra a tirania, corrupção e injustiças sociais que acontecem no Brasil.

Ao todo, Tony já produziu nove gatorras. Uma delas, a de número sete, foi comprada por Nick McCarthy, guitarrista do Franz Ferdinand. Lovefoxxx, vocalista do CSS, também adquiriu uma, que carrega nas turnês da banda mundo afora.

1ª Sexta-Freak apresenta Tony da Gatorra
Abertura: Heitor & Banda Gentileza e ruído/mm
Sexta, 26 de setembro, a partir das 23h
Wonka Bar – Rua Trajano Reis, 326 – Centro – Curitiba, PR
R$ 8 até meia-noite, depois R$ 10
(41) 3026-6272

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

ruído/mm na Pitchfork - entrevista com David Byrne


by Joshua Klein

David Byrne frequently stops to think before answering a question. It's a less common practice than one might assume, the sign of a polymath processing new information and decideding from which file-- art, science, music-- to retrieve the right answer. Indeed, Byrne remains one of rock's most thoughtful figures, but he's not above a bit of fun, either. That's likely what drove him again to work with Brian Eno, his former collaborator in both Talking Heads and on their joint outing My Life in the Bush of Ghosts. The new Everything That Happens Will Happen Today isn't as adventurous as those formative works, but it is in many ways more assured, emotionally complex, and certainly more melodic.

On the eve of an ambitious new tour, Byrne talked about his long-distance collaboration with Eno, among many other subjects, from music to bike racks.

Pitchfork: A few minutes before you called, a Brazilian friend of mine messaged me to say he had just heard the best Brazilian record of the year. I gave it a listen-- it was kind of this spaghetti-western space rock music-- but noted that since it was instrumental and in a rock idiom, it really could have come from anywhere. Brazil, Brooklyn, Chicago...

DB: So what is it?

Pitchfork: It's a band called Ruido/MM.

DB: Huh. Never heard of them!

Pitchfork: People generalize so much-- American music, Brazilian music, whatever. But if I were Brazilian, my conception of Brazilian music would likely be completely different from that of someone who wasn't Brazilian.

DB: Yeah. And a lot of times people, as your friend did, pick music that you'll listen to and go, "This doesn't sound Brazilian at all to me. Why should I listen to this group that sounds like they could be from Seattle, or anywhere?" Yeah, we tend to want our Brazilian groups, or our French groups or whatever to have some kind of sound that we associate with that country.

Pitchfork: What you and Brian Eno have both said about the new record is that it's largely informed by his love of "American music." Is Brian Eno's conception of American music at all different from your own?

DB: Yeah, probably. It's happened time and time again. Foreigners, maybe starting back in the 1960s, were kind of the first ones to hook onto American rock and roll. Little Richard, or the blues. Brian said he finds gospel music very amazing, whereas a lot of people here, if you're dialing on the radio, would just skip through those stations. You kind of ignore the stuff because you just figure it's out there, so you don't need to know about it. Sometimes it takes foreigners to kind of point it out and say you've got some amazing stuff going on in your midst. And the foreigners will do a version of it [laughs] and sell it back to you.

Pitchfork: That's how musical evolution takes place.

DB: Yeah. Often.

Pitchfork: A lot of people knew or suspected you were working with Brian again, but I'm not sure anybody expected an entire album.

DB: We didn't know, either. At first, we were pretty quiet about it, since we thought it might not work. And then for a while we thought that we might not get enough stuff for a record. It may just be a few songs we do as collaboration that end up on one of our records. But he kept coming up with tracks, and once I had a handle on it I wasn't as timid about going after ‘em.

Pitchfork: You've hinted at how surprised you were at how "pop" oriented the material you got from Brian turned out to be.

DB: Yeah, especially how almost everything is in a relatively major key, which I've stayed away from for a long time. I guess after some point I would hesitate to write a song that was like a three chord rock song. Or a two chord rock song. Or a one chord song, as some of these are. I would just feel like, oh, now I know other chords, I'll just throw those in. Brian has no problem with that. [laughs] He doesn't have those same issues, probably because he's not someone who picks up an instrument, strums a guitar. He's listening to the overall texture and sound as opposed to thinking in terms like, "This chord goes to this chord to this chord."

Pitchfork: Could you tell from your vantage if his way of working has changed much over the past 20, 25 years?

DB: Well, on this record it was very different from what we did before. Obviously, when he works with a band, like Talking Heads or any of the other bands he's worked with, he's generally working with their material. Sometimes he'll kind of ask them, as he did with us and as I think he does with other bands, to maybe improvise so that he can start to interfere at the kind of ground level of the stuff being written. But this one was a really clear split between me taking his tracks and writing on top of them. Occasionally I'd throw in a guitar solo or something else, but for the most part I stayed clear of it, because I thought, OK, then we'll stay out of each other's hair. But in another way he does do a lot of the same or at least similar things. In the past we had early synthesizers or effects racks that he'd run stuff through. He'd twiddle with it while you were playing. Now it's the same kind of thing but on a computer, plug-ins and effects that you do on the computer. But it's very much the same kind of thing.

Pitchfork: There's a little irony here. At least as popular lore has it, one source of tension between you and Eno back during the Talking Heads was that you were worried about becoming his backing band. Now, so many years down the line, Eno essentially volunteered to be your backing band.

DB: [laughs] Well, it is true, I'm sure, that working with bands he often thinks of whatever the band is playing as raw material. Which for a band member, that can be a tough one. But for him he kind of has to think about it that way. It doesn't mean he doesn't love what they're doing and appreciate it, but he does tend to think of it as kind of raw material, ingredients added to the soup.

Pitchfork: As a songwriter and singer, do you approach lyrics and melodies differently when you are in essence handed those raw materials?

DB: I guess I would... tend to... try to write a little bit based on what I think the person on the other end is going to like. I'm trying to please them to some extent. I did a similar kind of collaboration with Fatboy Slim a couple of months ago, a song called "Toe Jam". I don't know if the song is out, but the video kind of circulated around. Norman's tracks are kind of funny and playful in a way that Brian's are not, so it kind of inspires a very different kind of lyrical approach. Brian's tend to be dark and moody, but the major chords make them sort of uplifting at the same time that they're dark and moody. After absorbing that vibe, that kind of gave me a lyrical direction.

Pitchfork: A lot of people have pointed out, no doubt because of those major chords and major keys, an undercurrent of optimism to the record. But lyrically, there's almost an equal undercurrent of dread.

DB: Yeah, it flip-flops one to the other. To me, it's optimism in spite of the dread, in spite of what's going on. In spite of cars exploding, things like that, a kind of basic human feeling-- exalted or whatever-- that things are going to go on. Life will go on.

Pitchfork: Especially in pop and rock music, that dread often manifests itself as alienation. But you seem really engaged with the world right now, both on the record and on your blog.

DB: Yeah... well, that might just be that I'm older, in a way. Things that might have alienated me in the past, now I just figure, well, that's the way that person is or that's just the way things are. I'm not going to let that bother me too much. And maybe it's because being older there's a certain kind of don't-give-a-shit attitude, in a good way. Not that you don't care what you're doing, but you don't care quite as much that every little thing is the be-all and end-all, or that every statement you make or every person you meet has to be exactly right. Sometimes the results end up being more right than what you kind of obsessively... it was a kind of paranoia that demanded everything be right.

Pitchfork: For a long time I think people painted a simplistic portrait of you, or at least your personality. This anxious, nervous, neurotic guy. But listening to your singing on the new record, and in fact your last couple of records, I don't think you've ever sounded more at ease with yourself. It's very warm.

DB: Thank you. I'm glad that comes across. It's kind of the way I felt when I was singing. That's probably a little bit reflective of various... being older, being a slightly different kind of person. I realized that was changing some years ago, and I thought, oh, people are going to miss the old kind of more nervous, yelpy guy. But there's nothing much I can do about that. Those records still exist. It's not like it's totally unavailable.

Pitchfork: When you do hear those old records, does it sound like a different person at this point?

DB: Oh, yeah! I mean, I realize it's me, and I can remember writing that stuff. But I also realize I would never write the same things now. It's kind of sad, but that's the way it goes.

Pitchfork: Pop and rock music is kind of by nature ephemeral. If you kept making the same music again and again, you'd probably be doing the wrong thing.

DB: I guess so. But there's also the big fear that, OK, I was stronger then because I was a mess. Or whatever. Have I mellowed out, and is the music therefore more boring? I don't know. It's maybe not quite as edgy. But I tend to think there's still stuff going on there.

Pitchfork: The nature of collaboration on the new record is kind of unusual. Usually when people collaborate long distance it's a matter of practicality-- the two principals can't meet because one is in Papua New Guinea or something. In this instance, you chose to stay separate even though I imagine it would been pretty easy for you two to get together in a studio.

DB: I did go over to London a couple of times, but only one time did we work for a week solid. The rest of the time was this back and forth. Brian pointed out that it's nice for both of us to be able to kind of live with the tracks, not feel the urge to respond right away to what someone else had done. I could work out a tentative melody to something, then work out little changes over the course of a few days or weeks or whatever, whereas in a recording studio working immediately with somebody, the pressure is on to perform and do something right away. So this took a lot of that out. I mean, there was still pressure to keep stuff going back and forth, but it was over days as opposed to hours or minutes.

Pitchfork: I know Brian is a big fan of generative music-- self-generating music. In a sense this is almost a melodic version of that, where he releases some music and it comes back to him in a different form.

DB: Maybe he thought of it that way. I was a little worried because on some of the songs-- not too many but a few-- he'd made tentative beginnings of melodies and things like that. I thought, oh, he has an idea where he wants this to go, so I thought he might not like where I take it. But I think some stuff he had completely given up on, so anything that came back and worked didn't have to be the direction he was going. He was pretty happy with it.

Pitchfork: On your blog, you seemed genuinely curious about releasing this record and seeing how it propagates itself with relatively minimal promotion. What have you thought about the response so far?

DB: It's a mixed bag. The reviews have been in general pretty good, which is nice. They've been in a number of different websites and print, things like that. So that shows that can happen without the whole record company mechanism. But at the same time, I sense that a lot of people don't know we have a record out. There are a lot of people that don't scour websites regularly or read music reviews. They need whatever, the other kinds of stuff, whether it's an appearance on Lettterman or posters or ads. They need to kind of be hit more in the face and be told that there's something new out there. And so I'm wondering if it will penetrate to that level without a whole kind of marketing thing going on. The tour might help. I don't know.

Pitchfork: Something's certainly been lost in this time of instant gratification that by the time an album is released in a lot of circles it's almost anticlimactic. There's a lot less surprise and discovery, since things get processed so quickly.

DB: I have run into people who have said, "Oh, do you have a copy of your new record? I heard you have a new record out, do you have a copy of it?" "Uh, there's no physical copy of it. I don't have anything to give you. You can download it." Sometimes I get a look like, "Oh, you don't really have a record out now. But, well, that'll change."

Pitchfork: It puts a renewed focus on live performance.

DB: Yeah. And some people are doing really well, I think. They realize that's where they have to take control. It's not simply a vehicle for promoting a record anymore.

Pitchfork: Your upcoming tour may be equal parts promotion and introduction, depending on how many people have stumbled upon the new record.

DB: I am playing a good number of new songs, but we're also playing older stuff. It's kind of about the show-- singers and dancers and all this stuff going on. It's going to be more about that than record promotion.

Pitchfork: You've been rehearsing pretty extensively for this.

DB: Yeah. More than I have in a long time. There are dancers, choreographers, all this stuff going on. I thought, OK, we need to increase the amount of rehearsal time to integrate all that stuff and see that it's working. Which I think it is, for the most part. The band is ready! [laughs] But now we're trying to integrate these other elements.

Pitchfork: When you have things that are relatively set, like choreography, how does that affect the traditional ebb and flow of the performance?

DB: It puts certain restrictions on. If somebody has got something worked out to a song, you can't just stretch it out indefinitely, like, oh, we're going to jam on this part, and somebody's going to solo for an extra eight bars. You can't do that. But on the positive side, now that we're starting to integrate it, you can do things like-- the drummer, Graham [Hawthorne], can say, why don't I add this part when the dancers are doing that? There are relationships that go both ways. The musicians start playing to the dancers as well as the dancers dancing to the music. You can't do that with a record, but you can do that with a live band.

Pitchfork: I understand you're going to be playing a lot of music that you've never really played live before, in addition to the new material.

DB: A little bit. Not a lot, but some.

Pitchfork: Certainly the My Life in the Bush of Ghosts material doesn't sound like it was made to ever be replicated.

DB: No, and I have tried some of it. Not all of it. I tried to do some of it live, and it didn't really work so good. I immediately realized that the fact that when you heard the sampled voice, that it evoked, say, a radio show or evoked something else, that was really important to the song. Saying the same things in the same place didn't have the same effect at all.

Pitchfork: People are so used to pre-recorded backing vocals and samples.

DB: Yeah, well, I've been to laptop shows where the vocals are all pre-recorded, and [laughs] it leaves something to be desired sometimes.

Pitchfork: I saw Aphex Twin perform stretched out on a love seat, his legs dangling over the arm, with a computer on his lap. I have some serious doubts he was doing much of anything on the laptop, but the visual was certainly part of the performance.

DB: Maybe. It comes out of a different tradition. I mean, it's been going on for a while, but I think people are somehow starting to make it more of a performance.

Pitchfork: In terms of technology, a lot has already been written about what you and Brian were doing with Bush of Ghosts. Not only are those techniques now more commonplace, but it's become a lot easier to do what you did.

DB: Oh, jeez, if we had this stuff then-- Protools, Logic, or something like that. Or even samplers! Although objectively it sounds like what we did must have been incredibly difficult without those kind of handy tools, it meant also that we relied more on luck and happy accidents. We also realized that when we would fly in some vocals, even if they weren't exactly in the right place or doing what you might have done as a singer, your mind would kind of fix it and you would hear it working in ways that were better than what we were actually doing. It didn't have to be as perfect. Your mind would kind of self-correct it while you were listening to it. It didn't have to be as perfect as people can be now with samplers and digital editing. Which may be, in a certain kind of way, an advantage. It meant that we didn't make everything perfect, and we didn't clean everything up, because we couldn't.

Pitchfork: With digital tools, is it more difficult to have happy accidents?

DB: In a certain way it is. There's a great temptation to clean everything up and make everything more perfect. You have to know when to stop and stop doing it, or you might end up with something that sounds metronomic.

Pitchfork: When there is no time budget or serious financial budget, when do you know when to stop?

DB: Well, we made a record. We had around 14 songs and thought, OK, there's got to be a record in here somewhere. [laughs] I felt it was pretty much done then.

Pitchfork: In theory, the back and forth could have gone on indefinitely.

DB: Yeah. And there are still some tracks that I haven't worked on. It could have gone on a long time, but I think we were basically happy with the range of stuff. It all hung together.

Pitchfork: There's something intriguing about that idea, though. If you had worked on the album for ten years, the album would have gone through several permutations. Good, bad, good, bad, every few months.

DB: It's certainly possible. [laughs] I think that's probably happened to some stuff. I imagine there are some records where people do it, go away, then come back and rework it to death. I'm happy with the way it is, but it's certainly possible to do that. I don't think there's any ultimate mix, or any ultimate version, of songs. I think in the past I may have felt that, partly from growing up and listening to recorded music so much, you start to think that is the version of that song. It just happens that that was the one that was the most ubiquitous. Some country artists do it, and some international artists do it, re-release their old material but not have all the money flow to their old record company. They'll re-record all their old hits with a new band, put it out and not tell anybody these are re-recorded! [laughs] I bought those records. You listen and go, there's something funny here! [laughs] They're all playing the same licks, it's exactly the same song, but it's not quite the way I remember it. That's kind of disturbing, I have to say.

Pitchfork: You've been busy with any number of projects, not all musical. Do you think visual art and music come from the same place?

DB: To me, there seems to be a certain amount of similarity. I don't think it's true for everybody, though. For me, I can kind of think of approaching writing music semi-conceptually, or go into it that way before I have to work by instinct and intuition. The third phase I have to use whatever craft I have to turn it into something. That process seems pretty much identical no matter what kind of creative thing you go through. I don't think you can translate things from one to another. People would I think love it if you could, if you could say this is my sound version of this painting. [laughs]

I know people who talk about doing that all the time! For instance, there were all these artists in the 1960 and early 70s who were stripping the canvas bare, until there was almost nothing. Minimalist art. And then there were composers, inspired by that, who did almost the same kind of thing. At the extreme end of it, I find two hours of the same note playing-- which was done perhaps on some of those records-- is a little hard to listen to. Well, it's not like it's difficult, you just stop listening to it after a while. Whereas sometimes a painting that is bare, it can be something you look at time and time again.

I thought of it again when these books came out recently of no wave and post-punk photographs, mainly. Some of them kind of document the artists, musicians and bands that were all happening around the same time. To me, it seems as if the bands, except for one or two, never could reach a broader audience. But sometimes visual artists, who were kind of doing the same thing, they could make something ugly and brutal and in your face, the same as what the bands were doing, but some of those got to be incredibly popular and could command huge prices from collectors and be in museums with everything else. But the music is still relegated to an underground, relatively obscure group of listeners. It's partly because of the nature of the medium. With a piece of visual art, you can look at something ugly, brutal and in your face, but it's kind of-- there it is. It doesn't take you over in the same way that putting on the music at a certain volume does.

Pitchfork: You can make somebody look at something, but you can't make somebody listen to something. You can only make them hear it.

DB: Yeah. So while the creative impulse might have a lot of parallels, the results, how people appreciate and enjoy them, I think are really different.

Pitchfork: Increasingly, you've revealed yourself to be something of a polymath. You're an artist, but you might not know which art will emerge at any given time.

DB: This might be kind of a legacy from art school or something, but there was always this dogma that you had to be true to the medium. You might have an idea that you want to express, or a feeling you want to get across, and then you have to figure out, what is the true medium, that has integrity for that kind of thing. Does it want to be a song, or does it want to be a little video? Then you go further: what kind of song does it want to be? I'm not sure that's really true, that every idea has a medium of expression that is integral to it.

Pitchfork: Can a person be a medium? In a sense you're a brand, and anything that comes from you will be thought of in a certain way because it's coming from you.

DB: Gosh. You might be the first person to say "you're a brand!" [laughs] I have to kind of accept that. [laughs] It's not as crazy as it sounds, I guess.

Pitchfork: I mean, Brian Eno can be considered a brand, too. He could produce a record that sounds like any other record, and people will still search out and find something of him in it, whether it's there or not.

DB: That's an interesting idea. It's like that Borges story of the guy who rewrote ‘Don Quixote' and maintained that his version was different even though every word of it was the same! [laughs] It would be probably be true that... yeah, I would maintain that if I did a song that sounded like some totally mediocre song by someone else that it was different because I did it. But, eh, kind of objectively, I think somebody would have to say, no, it really is just a mediocre song.

Pitchfork: You could do an album of sheer noise, and someone will inevitably hear a lot of the Talking Heads in it.

DB: Yeah! [laughs] People kind of reading you or their version of you into whatever it is. I guess so, but I think as I said earlier, the fact that I'm getting older means that I don't worry about it as much. Not that I never think about it, but I don't stress about it, how to ‘maximize the brand' and all that kind of stuff.

Pitchfork: For the first half of your solo career, most people were probably coming to it from the perspective of the Talking Heads. But now I imagine there's some portion of your listeners who started with you as a solo performer first, and might only then make their way back to the Talking Heads.

DB: Some. You know, I have no idea. I do know that in concert, depending on where I play, the audience is pretty mixed, covers a pretty wide demographic. So I figure some people are there who were originally Talking Heads fans, and then there are other people who never saw Talking Heads and figure it's their dad's music. Something like that. They may like those things, but it's not something they grew up with.

Pitchfork: And there's probably still another group that goes, isn't that the guy who designed those bicycle racks?

DB: [laughs] That hasn't happened yet! "You mean, you do music, too!?" [laughs] I heard a couple of those sold. I don't know to who, exactly, or what, but I heard a couple of those sold. That's a good sign, because it might mean I get to make more of them.

Pitchfork: Do they sell and remain stationary, or do people take them somewhere else?

DB: [laughs] Unbolt them from the sidewalk! Presumably, someone would either buy them as an artwork, or... it would be hilarious to see them bolted to the floor, indoors. More than likely, I would guess that some institution would buy them, so that they would have them as kind of cool bike racks in front of their place.

Pitchfork: Eno claimed in his diary a few years back that he smuggled in some of his own urine to a Duchamp exhibit and sprinkled it on his urinal, figuring functionality was the whole point of the piece. He didn't want to let Duchamp down.

DB: [laughs]

Pitchfork: I kind of believe him!

DB: [laughs] Oh, I don't know.

Pitchfork: It's like owning a bike rack that's not being used as a bike rack.

DB: Yeah, but they are being used.

Pitchfork: But were someone to purchase one and bolt it down in their living room...

DB: Yeah, then it becomes not functional anymore. But that's true with a lot of art. A lot of times people take things that are... African masks, and that kind of stuff, which in one context definitely had a function, but when it's put on a stand or put on the wall, it doesn't have that same function anymore. Eh, it's OK. It's putting a frame around it and saying ‘look at this.'

Pitchfork: Has the function of music changed at all in the last few years? It sometimes threatens to approach a state of perpetual background.

DB: That's been going on for a long time. Anybody who really listens to music a lot, who pays attention to it, you can find it really annoying to go into a restaurant that has music playing at a certain volume. Not because it's loud, but because if you're someone who listens to music, you start listening to it! You start listening for what song they put on next, or their choices. The background becomes the foreground. But as you said, live performances are having, at least it seems to me, a resurgence. There's no shortage of them here. Venues close, but new venues open up. People are renovating places and opening ambitious new venues. That's one thing that music does. It gets people out of their houses, and gets them hanging out together. I'm really curious how the private listening-- iPods, people listening on their phones-- how that might eventual effect music. There'll be a whole genre of music that really works on a kind of one to one headphone or earbud level but doesn't really work when you play it in a room.

Pitchfork: That goes back to the idea of generative music. If the music's constantly changing and never repeats, then the experience is constantly changing as well. If you're not listening, you'll never hear it again.

DB: That's true.

Pitchfork: I read an account a few months ago of a man who decided to wear earplugs all day to block out the din of the everyday. He was amazed at how much he noticed that he never noticed before, because his ear would always automatically gravitate toward various distractions.

DB: Yeah, you kind of see what you hear, to some extent, and vice versa. You sometimes hear things because you see them. I read some neuroscience stuff, where we figure that's a figure of speech, that you're saying, well, you saw it because you heard it. But it's not just a figure of speech. If you don't make the connection, you can kind of block out things that are right in front of your face, whether it's a sound or a visual thing or whatever, either because it's unexpected or for whatever reason you're focused on something else. It really is like you didn't hear it or see it. It's not like, well, you unconsciously saw it. No. You actually didn't see it.

Pitchfork: Then there's the Big Lie, the idea that if you hear something enough you'll eventually take it as truth.

DB: [laughs] Yeah. Al-Qaeda. Iraq. Al-Qaeda. Iraq. Say that enough and people will just assume it was the Iraqis that bombed the World Trade Towers.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Falsas baladas pop e muitos efeitos sonoros




Mais duas bandas curitibanas ocupam o palco do Teatro Universitário de Curitiba (TUC), a partir das 19 horas de hoje: OAEOZ e Terminal Guadalupe, ambas tocando pela primeira vez no espaço. Mais tarde, depois das 22 horas, é a vez do ruído/mm apresentar seu novo trabalho, o belo disco, A Praia, na companhia de uma convidada, a Mordida.

No Teatro Universitário de Curitiba, quem abre a noitada é OAEOZ, atualmente um quarteto, que existe há dez anos e mostra o repertório do Ao Vivo na GGG, gravado dentro do projeto do Estúdio Chefatura, com apoio do Fundo Muncipal de Cultura. A banda lançou recentemente uma caixa comemorativa aos dez anos de existência que, além do Ao Vivo traz o Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada, terceiro álbum de estúdio do grupo, que teve lançamento virtual (www.myspace.com/oaeoz). Entre as boas novas para Ivan, Carlos, Hamiltom e Rodrigo, está a participação na muito bem recebida trilha sonora do filme filme Nossa Vida Não Cabe Num Opala, de Reinaldo Pinheiro ( que esteve na lista das produções brasileiras candidatas à vaga nacional para concorrer ao Oscar).

Depois, o palco é da Terminal Guadalupe, banda que tem sempre muitas novidades. Com agenda para shows no interior do paraná, em João Pessoa, Natal e Recife, o grupo está em fase de lançamento de seu álbum virtual Como despontar para o anonimato, gravado ao vivo e disponível para audição no My Space ( http://www.myspace.com/terminalguadalupe ).
A banda está com novo baixista, Luciano Aires, o Marano, recrutado no interior do estado, onde o grupo tem tocado bastante.

Ruídos — O James vai ficar envolto em guitarras, outra vez, hoje. É lá no veterano bar que André Ramiro, João Ninguém, Pill, Giva, Rafael Martins e Rubens K, fazem a apresentação do novo trabalho do grupo. Ruído por milímetro é uma banda instrumental conhecida pelas melodias fortes que consegue colocar no meio das muitas guitarras e efeitos. Guitrarras e efeitos, aliás, ainda mais evidentes, se é que isso é possível, com a entrada de Rafael Martins, outro que gosta de criar ruídos mexendo nas cordas de sua bela guita, enquanto André também se vira mexendo em seus botões mágicos, capazes de construir barulhinhos, zunidos, microfonias que envolvem a mente numa névoa sonora.

Todos ali gostam de um barulho bom e conseguem criar melodias que grudam. Sem dúvida é um dos grandes grupos instrumentais do Brasil, atualmente e A Praia vem só pra reforçar isso. O disco, lançamento da Open Fields Records, de São Paulo, levou 3 anos pra ficar pronto, tempo em que entrou e saiu gente da formação que, agora, parece disposta a retomar os palcos, com a promessa de uma verdadeira maratona de shows. Aliás, ao que tudo indica, a produtora Ruído Corporation esá de volta também e na próxima semana já traz à capital o gaúcho Tony da Gatorra, para show no Wonka.

A apresentação de hoje terá participação de Heitor Humberto e Igor Ribeiro, além da discotecagem de Lacux 12 e Walter.

SERVIÇO
OAEOZ e Terminal Guadalupe. Dia 18 às 19h30. R$3. TUC (Galeria Julio Moreira). Ruído /mm e Mordida. Às 22h. R$6. James Bar (Vicente machado, 894).

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Rádio Uol - ruído/mm

Programa tem novas de Instiga, Tulipa Ruiz, ruído/ mm, Banda Leme e Copacabana Café

Da Redação


O indie rock é uma coisa de saudosistas? O Instiga pegou o saudosismo e transformou em renovação no novo disco, Tenho Uma Banda, e nós apoiamos aqui com o potencial hit "Tem Uma Banda". É este ótimo rock-de-dias-de-hoje que abre o programa; este, por sua vez, continua com mais outras belas novidades que aterrissaram no site.

Uma delas é "Sanfona", do bombástico disco A Praia, que os jovens curitibanos do ruído/mm acabam de assinar. A "praia" aqui é post-rock-loucura, com sanfona, harmonias e climas muito particulares.

"Amigo do Guarda" dá continuidade e mais balanço a este episódio. É canção que a Banda Leme, do mestre de cerimônias De Leve, emplacou recentemente na TramaVirtual.

Logo depois, um telúrico encontro entre Liverpool (dos quatro garotos) e a Vila Madalena (dos hippies paulistanos). Quem organiza isso é Tulipa Ruiz, com a delicada harmonia de "Ordem das Árvores", que também poderia ser chamada de "crossover" entre Chico Buarque de Saltimbancos e o Wilco de "Hummingbird", você é quem sabe.

Encerrando o programa, a revelação Copacabana Café, que toca no clube Berlin dia 19. Música universitária/skatista indie de personalidade. Tema escolhido: "Diamantes no Céu".

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Coletânea revista O GRITO - 1





A Revista O Grito! completa 1 ano de vida neste mês de junho. E para comemorar, lança uma coletânea virtual com novos nomes da cena independente brasileira, a O Grito Ano Um. A compilação é um lançamento dos selos Bazuka Discos e Recife Rock! Discos e está disponível para download gratuito aqui e no site do RR.

O tracklist contém 16 músicas, duas inéditas. Integram a seleção, entre outros, o Surfadélica, o projeto solo de Zeca Viana (da Volver), o AMP, que fez sua estréia no Abril Pro Rock, o pequeno fenômeno folk paulista, Stephanie Toth e os cearenses do Fossil. Todos são apontados como novas promessas da cena musical independente brasileira.

O lançamento oficial do disco aconteceu no sábado, 07, no bar O Cortiço, com shows da Sweet Fanny Adams e Chambaril.



Pernambuco
1. CHAMBARIL – A Sério

O Chambaril começou em meados de 2001, com dois amigos que costumavam transformar suas experiências psicodélicas em longas jams gravadas num 4-track analógico. Com o passar do tempo eles perceberam que só eles entendiam todas aquelas longas evidências de demência sonora. Visando uma melhor compreensão da sua obra, eles decidiram cortar as “melhores” partes das jams, transformá-las em loops e seqüência-las numa ordem “lógica” e numa duração mais “pop”. Resumindo, as jams são os princípios ativo e a tecnologia (lo-fi) sintetiza o princípio ativo em doses homeopáticas para os ouvintes curiosos.
http://www.myspace.com/chambaril

Ceará
2. FOSSIL – Aurora Borealis

Fossil desenvolve suas músicas com uma estrutura e proposta musical diferenciada. Climas – paisagens sonoras – criados através de experimentações com efeitos, explorando ambiências, dinâmicas e improvisação livre. Buscando em suas composições referências de trilhas sonoras, música brasileira e as mais variadas vertentes da música contemporânea e mundial. Mostrando assim, uma outra face da música instrumental brasileira, contemporânea e inventiva.
http://www.myspace.com/fossilsoundtrack

Pernambuco
3. MONODECKS – A Trapezista

O Monodecks surgiu de jams informais entre amigos, em meados de 2004, tendo sua formação atual estabilizada apenas no final de 2006. A partir daí, a banda lançou seu primeiro single e videoclipe, voltando efetivamente a fazer apresentações ao vivo.

A proposta do grupo não se atém a regionalismos sonoros e nem mesmo a um idioma, visto que trata-se de um trabalho predominantemente instrumental. Influências de psicodelia, free jazz, noise, dub, música concreta e demais vertentes vanguardistas contemporâneas, filtradas através do primitivismo do rock, podem ser encontradas nas composições da banda, em menor ou maior escala.
http://www.myspace.com/monodecks

São Paulo
4. GUIZADO – Vermelho

A música do Guizado tem efeito cinematográfico e seu primeiro disco, Punx, soa totalmente embriagado da aura sonora de São Paulo. A partir de uma engrenagem rítmica cheia de ruídos eletrônicos, a usina de timbres faz o pano de fundo para frases de um trumpete quase sempre inquieto, que berra para se fazer ouvir em meio à solidão coletiva da metrópole. O projeto tem à frente Gui Mendonça, músico busca (e acha) seu próprio carimbo, em uma mistura das tintas harmônicas de seu instrumento com as texturas encontradas nos experimentos com toda uma parafernália eletrônica.
http://www.myspace.com/guizado

Paraná
5. RUÍDO /MM – Novíssima

Anel no bolso pros antigos fantasmas. Reconhecimento entre as partes. Necessidade de auto-conhecimento. Produção efeito trem bala. Em busca de novos desertores. Ruídos são o elo entre céu e inferno. De série cinza à praia de hindus infectados. Olhos fechados pros canibais sinfônicos. Ruído por milímetro é uma grande família. Quatro pessoas com o mesmo objetivo: música instrumental de qualidade. Com esse pensamento, o grupo trabalha arduamente na composição de novas sonoridades – todas instrumentais, utilizando acordeon, harmonium, bateria, baixo e guitarras.
http://www.myspace.com/ruidopormilimetro


Rio de Janeiro
6. PRIVATE DANCERS – Well Well Girl (Jenner Mix)

A banda carioca Private Dancers surgiu em meados de 2005. Seus integrantes são figuras boêmias, românticas, que perambulando pela noite do Rio de Janeiro se encontraram e descobriram em meio à escuridão, à fumaça, ao barulho ensurdecedor e ao brilho das luzes negras e dos estrobos, um oásis feito de afinidades e diferenças instigantes.

Private Dancers acreditam que só é possível ser feliz fazendo aquilo que se gosta. E tudo o que eles gostam está presente de alguma forma em suas canções: rock, eletrônica, música pop, arte, literatura, cinema, cores, imagens, liberdade, futuro, vida noturna, paixões, álcool, lugares, não-lugares, pessoas, cidades, ambigüidades.
http://www.myspace.com/privatedancersrio

São Paulo

7. SURFADÉLICA – Freaking’ Out Surfin’ In

O Surfadelica foi formado em novembro de 2006. O guitarrista Carlos Nishimiya já tinha uma coleção de canções escritas que queria utilizar dentro do formato de um trio de surf music. Para isso chamou dois amigos: JC Goes Rock e Mauricio Guedesson e o ano de 2007 se passou entre ensaios, arranjos, gravação e mixagem. O resultado foram as onze faixas que compõe o disco de estréia do Surfadelica, Surfing On The Desertshore. Nelas procuram mostrar que a surf music não está estática, pode se desenvolver e incorporar influencias novas.
http://www.myspace.com/surfadelica

Pernambuco
8. ZECA VIANA – Doutor Ervilha

Zeca Viana é guitarrista, compositor e vocalista do Asteróide B-612, baterista do Volver, videomaker, desenhista e pintor nas horas vagas, mas o curso de Filosofia ainda parece ser a melhor opção para um futuro milionário. Seres Invisíveis é o nome do primeiro registro solo de canções que Zeca reuniu durante alguns anos, melodias e letras que datam desde 1997 até os dias de hoje. O disco ainda não tem previsão de lançamento mas os singles já estão disponíveis no My Space.
http://www.myspace.com/zecaviana

São Paulo
9. STEPHANIE TOTH – The Size Of A Buick

O talento para as artes vem desde cedo. Seu primeiro contato com a música foi ao piano, instrumento que estudou dos seis aos 12. Depois, Stephanie decidiu se arriscar na bateria, mas desistiu recentemente. Stephanie ganhou um violão no natal de 2006, mas nunca teve aulas. É fã de Bright Eyes e Elliot Smith e do Belle & Sebastian.
http://www.myspace.com/stephanietothmusic

Pernambuco
10. AMP – Ataque dos Aliens

AMP, banda pernambucana com apenas dois anos de existência poderia passar despercebida e ser até taxada de comum, mas existem alguns detalhes que, nesse caso, fazem toda a diferença, gostam e acreditam no que fazem. Apesar de ter nascido num 1º de abril, a AMP é rock de verdade, sem firulas. Rockão sujo. Ou, como sugere seu nome, rock amplificado.
http://www.myspace.com/amprockrecife

Pernambuco
11. SWEET FANNY ADAMS – Hate Song # 3

Eles são jovens, tocam um rock’n'roll honesto e querem, pelo menos, estar em um mixtape legal que as pessoas possam ouvir e gostar. Mas é com um espírito de fazer rock divertido e dançante sem precisar ser engraçadinho que a Sweet Fanny Adams tem conseguido envolver o público e conquistar mais fãs em shows ao vivo. Mas nem é preciso ir tão longe ou esperar até o próximo show para constatar isso. Basta ouvir as músicas deles, que até o presente momento estão reunidas e registradas em dois EPs lançados. Pode ouvir sem receio que é diversão garantida sem perder a esperança no que há de bom nesse velho mundo do novo rock.
http://www.myspace.com/sweetfannyadamsmusic

São Paulo
12. PÉLICO – Completo(a)

Pélico pensa que compõe, canta e toca guitarra. Já lançou um EP, mas a crítica ainda não se expressou sobre seu trabalho. Neste momento, finaliza o primeiro álbum. Sua música não é revolucionária nem mistura grandes influências. Não é filho de ninguém e não iniciou nenhum estudo musical com alguém especial. Pélico não foi um menino-prodígio, nunca pertenceu a nenhuma banda e não desenvolveu trabalho em parceria com ninguém reconhecido. Nunca foi gravado por ninguém “mais ou menos famoso” nem ganhou nenhum festival. Ainda não fez turnês internacionais nem regionais.
http://www.myspace.com/pelico

São Paulo
13. TIÊ – Passarinho

Tiê viveu suas letras em Nova York, Japão e Londres quando ainda era modelo ou bem pertinho de casa. Uma pitada de David Bowie, caixinhas de música, Tom Waits, estrelas cadentes, Nancy Sinatra, chuvas de papel, Ella Fitzgerald, sapatilhas de ponta, Beatles, boás, Doris Day, balas de goma, e tantos outros que infiltraram sua derme durante esses 27 anos. Com cabelos marcantes e olhos cintilantes, prefere descer do palco e sapatear com o público, do que ter o ar de diva distante. Hoje, Tiê respira essa sinergia que faz com que seus shows levem todos pra outro tempo, outro espaço, onde a mágica acontece e a música entorpece.
http://www.myspace.com/tiemusica

Goiás
14. DIEGO MORAES E O SINDICATO – Amigo

Apesar do pouco tempo de estrada, o cantor e compositor Diego de Moraes vem se destacando no cenário musical regional e já alcançou destaque em diversos meios de comunicação do país. Suas composições, que tratam de temas ditos universais, aliam fina ironia a ricas melodias criadas e desenvolvidas por ele e seu conjunto. O resultado são músicas que “tocam” os ouvintes devido à sua simplicidade, carisma, inovação e ótima harmonia.
http://www.myspace.com/diegodemoraes

Rio Grande do Norte
15. CAMARONES ORQUESTRA GUITARRISTICA – Antonho, O Grande

Com três guitarras na formação, a banda começou a ensaiar pouco antes do carnaval. O grupo conseguiu provocar comentários de quem viu e despertar a curiosidade de quem não estava lá. Para atingir tal finalidade, a banda tira da manga um repertório inusitado, no qual clássicos do rock e do cancioneiro nacional, temas de desenhos animados, seriados e filmes convivem em perfeita harmonia.
http://www.myspace.com/camaronesorquestraguitarristica

Rio Grande do Sul
16. YANTO LAITANO – Eu Não Sou Daqui>

Yanto Laitano toca piano e canta suas canções sobre o amor e o existencialismo com letra ao mesmo tempo inocente, brutal e melancólica. Compositor, pianista e cantor, Laitano é formado em música, fundou o grupo Ex-Machina e a extinta Bili Rubina. Após um curto período de estudos na Europa, terminou o mestrado em música também pela UFRGS em 2006. É compositor premiado de trilhas sonoras para filmes e documentários de curta e média metragem, e diretor musical da Companhia de Teatro Circo Girassol. Atualmente, depois de produzir e lançar mais de dez CDs de música erudita de vanguarda, Laitano dedica-se à sua carreira de música pop e ao seu próprio disco solo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Release - A Praia - 2008


Depois de cerca de três anos de intenso trabalho – entre composição, ensaios, gravações e finalizações –, o ruído/mm apresenta o seu primeiro "disco completo": A Praia (open field records- SP). São sete músicas ao todo. "Um lote cheio de cores, brilhos e sensações em 35 minutos de ruído e calmaria", como lembra André Ramiro, que se reveza entre baixo, guitarra e escaleta nas composições e apresentações do grupo.

A Praia foi construído aos poucos e representa uma busca – ou complementação – de uma identidade, já que é muito mais refinado do que o cru e direto EP "série cinza", de cinco anos atrás. O destaque fica para as canções épicas "A praia" e "Praieira", e para as intensas "Sanfona" e "Novíssima", "Caixinha de música" e "Stravinsky Sky".

Além dos ruidosos João XXIII (acordeom, guitarra e baixo), Pill (guitarra, harmônio, baixo ), Giva (bateria) e André Ramiro (guitarra, baixo e voz), "A Praia" também contou com a participação de Dudu (bateria em "A praia" e "Sanfonex") e Felipe Luiz (guitarra em todas as faixas), ambos ex-integrantes. Três outros músicos emprestaram seus talentos no álbum: Heitor Humberto (violino em "praieira") e Igor Ribeiro (flugel horn na mesma faixa). Há ainda a participação do músico canadense Glen Hall – que já gravou com Lee Ranaldo, do Sonic Youth, e índios eletrônicos, projeto encabeçado por André Ramiro e João XXIII – em "Praia", com um sax melancólico no início da faixa.

Em 2008, a família ruído/mm recebeu mais dois novos membros: Rafael Martins, também integrante das bandas Wandula, Excelsior e Bad Folks, e de Rubens K, ex-Terminal Guadalupe, Iris e Julie et Joe. Ambos deram um novo gás ao grupo, que passou a ser um sexteto. Rafael e Rubens foram os catalisadores das novas composições e deram o feedback necessário pra banda continuar coesa.